domingo, 28 de setembro de 2008

Pré-Release de Shards of Alara – Primeiras Impressões

por Ricardo "Thorgrim" Mattana

Depois de um bom tempo sem jogar um pré-release, ou até mesmo um campeonato limited, resolvo ir prestigiar o Pré-Release de Shards of Alara na Magic Domain.

Por falta de tempo, acabei não conseguindo simular uns selados ou até mesmo jogar alguns drafts no Magic Workstation. Aliás, a boa antes de qualquer Pré-Release é pegar esses patchs manuais que sempre circulam pela internet, dias após ser liberado o spoiler completo da nova edição e dar uma brincada.

O máximo que consegui fazer foi dar uma boa olhada no spoiler para tentar decorar algumas comuns e não ser surpreendido por algum combat trick. De cara já me deparei com Sigil Blessing. O Giant Growth da edição é muito forte, pois além de ser um excelente combat trick, ele ajuda você a lidar com cartas como Branching Bolt e Caldera Hellion.

Ao abrir minha pool de cartas, me deparo com Cruel Ultimatum, uma das maiores bombas da edição, além de Grixis Charm e ambos os terrenos do plano. Confesso que ao ver o Cruel Ultimatum, parecia muita burrice não jogar com ele, portanto como não pretendia jogar de five colors, fiz um grande esforço para abrir mão das cartas verdes e brancas da minha pool.

Durante o campeonato, pude ver com mais calma minhas cartas e percebi que além do plano de Grixis, Naya também apresentava uma pool de cartas bem satisfatória. No fim das contas acabei jogando de Grixis mesmo, mas podia ter feito um grande resultado jogando de Naya também.

Segue o deck que eu joguei o Pré-Release:

Lands (17)

4 Island
6 Swamp
5 Mountain
1 Crumbling Necropolis
1 Grixis Panorama

Creatures (14)

2 Skeletal Kathari
1 Scourge Devil
1 Kathari Screecher
1 Rockslide Elemental
1 Shore Snapper
1 Thoughtcutter Agent
1 Thunder-Thrash Elder
1 Tidehollow Strix
1 Viscera Dagger
1 Caldera Hellion
1 Incurable Ogre
1 Cloudheath Drake
1 Goblin Deathraiders

Spells (9)

2 Resounding Thunder
1 Magma Spray
1 Obelisk of Esper
1 Infest
1 Agony Warp
1 Courier's Capsule
1 Cruel Ultimatum
1 Grixis Charm

O deck inegavelmente tinha duas bombas: Cruel Ultimatum e Caldera Hellion. Assim que o campeonato acabou, o arrependimento por não ter jogado de Naya foi bem menor, já que o Ultimatum foi claramente o MVP do deck, me fazendo ganhar diversos games. Era praticamente “sete manas vira (ou ganha) o jogo”.


Já o Caldera Helion, juntamente com o Infest, eram minhas duas maneiras de resetar a mesa. Quando eu vi esse Caldera Helion nos previews da edição, a primeira carta que me veio em mente foi o Desolation Giant.

Ambas as cartas possuem um efeito parecido e essa idéia de resetar a mesa e ainda por cima passar o turno com um bicho grande é tudo que o plano de Grixis precisa.

Quando separei as cartas das cores de Grixis, percebi que as mágicas estavam muito fortes enquanto as criaturas tinham lá seu potencial, mas não eram as melhores possíveis.

Minha primeira versão do deck possuía apenas onze criaturas, mas como estava acostumado a jogar com no mínimo quatorze nos drafts de Shadowmoor/Eventide, acabei abrindo mão de umas spells bem interessantes como Cancel, Call to Heel e Resounding Wave para encaixar mais criaturas.

Se eu fosse jogar novamente com o deck, provavelmente tiraria o Thunder-Thrash Elder, que apesar de ser uma criatura com potencial, no meu deck não funcionou nada bem e colocaria em seu lugar Call to Heel para combar com o Caldera Hellion.

O Thunder-Thrash Elder merece um parágrafo a parte, pois apesar de não ter funcionado no meu deck, ele me parece uma criatura muito boa para os planos de Naya e Jund. Fazer de segundo turno Dragon Fodder e em seguida entrar com o Elder 7/7 deve ser fantástico.

Outra mudança que eu faria certamente seria colocar o Obelisk of Jund no lugar do Obelisk of Esper. A fonte verde que eu abri mão de colocar no deck, no fim das contas acabou fazendo muita falta, pois eu tinha dois Resounding Thunder e sem tal fonte não tinha como eu fazer o seu cycling, que por sinal é muito bom.

Na realidade eu nem ponderei tal idéia quando fui montar o deck, pois achava que dificilmente teria as manas necessárias para o cycling e o fato da carta ser uma instant que causa três de dano no jogador ou na criatura alvo já era motivo suficiente para colocá-la no deck.

Vale acrescentar que o ambiente me parece bem lento se formos comparar com o último formato limited, e as bombas na maioria dos casos definem o rumo do jogo. Tinham vários games que eu estava com a mesa controlada, quando de repente o oponente fazia uma bomba e virava totalmente o jogo. Como no Pré-Release cada jogador recebia um deck e três boosters da edição, dificilmente alguém não teria uma rara apelona em seu deck.

Aliás, durante o campeonato percebi que a boa era fazer com que o oponente começasse. Como meu deck era bem mais control do que planos como o Naya, era muito importante não perder land drop e um mulligan no play seria quase fatal.

A idéia principal era abusar das cinco criaturas evasivas que o deck possuía, enquanto as remoções iam limpando o caminho ou segurando as principais ameaças do oponente.

A habilidade Unearth me pareceu muito boa também, não sei por que, mas me faz lembrar um pouco do Persist. Não foi cena rara no campeonato, eu limpar a mesa com o Helion e no turno seguinte bater pesado com ele e mais as criaturas Unearth que vinham do cemitério.

Outra habilidade que provavelmente jogará muito no formato é o Exalted. Infelizmente meu plano não explorava muito tal habilidade, mas pude ver interações durante o evento bem legais com ela, portanto vale a pena olhar com mais atenção suas cartas Exalted.

Senti uma pequena lacuna no drop 3 e 4, pois parecem existir poucas criaturas boas comuns com esse custo na edição. De qualquer forma, nestes turnos os jogadores normalmente estavam descendo os seus Obeliscos ou utilizando cartas como Courier's Capsule e Gift of the Gargantuan, que por sinal são muito boas.

Acabou o Pré-Release e eu fiquei em segundo lugar, fazendo 5-1, perdendo apenas para o Rodrigo Nogueira, o campeão do evento. Resumindo um pouco, o formato me parece bem divertido e exige bem mais skill na formação dos decks do que o formato passado.

De certa forma acaba sendo um choque partir de um formato onde se podia facilmente jogar de mono color, para adentrar em um formato que dificilmente você vai querer jogar com menos do que três cores. Pelo que andei lendo, muita gente vem dizendo que o formato se parece um pouco com o de Ravnica.

Enfim, o texto tinha como intuito contar um pouco como foi essa minha experiência no evento, quais as minhas primeiras impressões do formato e como desenvolvi minha lista. Espero que tenham gostado e sirva de ajuda para quem for jogar o Pré-Release apenas semana que vem.

Até a próxima!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O ano é de Shuhei Nakamura

Por Leandro "Stalker"

Mais uma vez parece que o prêmio de jogador do ano ficará com os japoneses novamante. Relembrando os últimos PoY:

-2007 Tomoharu Saito
-2006 Shouta Yasooka
-2005 Kenji Tsumura

Shuhei lidera com uma certa folga a corrida de jogador do ano. 10 pontos a frente do 2° colocado.

Vamos rever a sua trajetória e também uma retrospectiva geral desta temporada:

1) GP Stuttgart
Primeiro evento da temporada 2008 (aconteceu no final de 2007), e ele já começa com o pé direito, com o 1° lugar, U$3.000,00 e +8 Pro Points. O formato era Lorwyn Limited

2) Pro Tour Kuala Lumpur
Primeiro PT do ano, formato que realmente separa os homens dos garotos. Top64, e 5 pro points. A história desse PT sem dúvida foi o Shadowmage Infiltrator. John Finkel saindo de sua aposentadoria para ganhar seu 3° PT, draftando um arquétipo esquecido por muitos (Kithkin!)

3) GP Vancouver
Aqui o formato era Extended, e mais um bom resultado, garantindo um 29° Lugar, U$400,00 e mais 2 Pro Points. Paul Cheon foi o ganhador deste GP com sua versão de Next Level Blue, e o recém banido Sensei's Divining Top

4) GP Shizuoka
Primeiro revés da temporada, aqui Nakamura perdeu o corte para o day 2, amargando um 233° lugar. Este GP também foi o marco para o início da temporada T2 e o surgimento do deck de fadas como um deck tier1, capturando o 1° e 2° lugar.

5) GP Vienna
Segundo revés consecutivo, ficando a uma vitória para fazer o corte para o day 2. O formato do GP foi Extended, onde Dredge apareceu como o deck dominante, mas no final NLB levou mais uma vez o troféu para casa.

6) GP Philadelphia
Aqui, tanto Saito quanto Nakamura não fizeram a viagem para a terra de Rocky Balboa, já que foi no mesmo fim de semana do GP Vienna.

7) GP Brussels
Pelo 3° GP consecutivo, Nakamura não faz day 2, mas dessa vez culpa dos tiebreakers. Formato era Shadowmoor Limited. O top8 foi dominado pelos franceses (5), mas quem levou o troféu dessa vez foi o holandês Kamiel Cornelissen.

8) PT Hollywood
Pro tour que ficará marcado como a estréia do Leit no circuito proffisional, e estreando bem ao fazer day2. Shuhei Nakamura faz mais um top8 e um jogo de quarta-de-final para ficar na história, principalmente quando seu oponente é o PV. 3° Lugar, e U$15.000 no bolso, sem contar 16 pro points e a liderança na corrida pelo Player of the Year.

9) GP Birminghan
O bom resultado em Hollywood faz Nakamura tirar a zica nos GPs também, conquistando um 10° Lugar. O formato foi Lorwyn/Shadowmoor Block. U$600,00 e 3 Pro Points. Deck pilotado por ele? Fadas, o arquetipo que dominava tanto o T2 quanto o formato block.

10) GP Indianapolis
Outro GP sem conseguir fazer day2, formato Shadowmoor Limited. A boa notícia foi o 14° Lugar do PV neste GP.

11) GP Buenos Aires
A invasão brasileira na terra dos hermanos, Xico do RJ levou, Fanfarrão ficou no quase e o Nakamura ganhou mais uns pontinhos na corrida, com 2 Pro Points + U$500,00. Ele e o Saito mostraram ao mundo mais uma obra-prima made in japan, o tal do MonoR com Demigod que chegou para tirar o sussego das fadas. Esta primeira versão do deck foi lapidada posteriormente pelos americanos/franceses que inseriram a base snow, dando acesso ao poderoso Skred e com a chegada de Eventide, o capeta na forma de Guri "Figure of Destiny".

12) GP Madri
Formato Sha/Eve, mais uma vez Nakamura fica fora do day 2. Parece que ele não tem dado muita sorte ao abrir as pools do selado.

13) GP Kobe
Mais um GP, dessa vez entrando la pela porta dos fundos, conseguindo um top64 e 1 pro point.
Formato foi block já valendo Eventide, e mais uma vez fadas leva o 1° lugar.

14) GP Denver
Mais um formato block, depois de 11 GPs consecutivos, Nakamura tira o fim de semana para descansar.

15) GP Copenhagon (Vulgo GP Chocolate)
Um bom resultado dessa vez, 4° lugar U$2.000 e 6 Pro Points. Um top8 muito forte por sinal, com Saito, Wafo-Tapa e Medevoort. Formato T2, que foi uma grande referência para o ambiente brasileiro, tanto para o FFA, como para o Nacional.

16) GP Manila
O top8 na Dinamarca parece ter dado energias para o japones, que emendou mais um bom resultado, fazendo um 13° lugar e mais 3 pro points.

17) Nacional Japonês
Um 18° lugar.. nada mal para quem jogou o nacional considerado por muitos como o mais difícil do mundo.


Pra finalizar, esse tal de Shuhei Nakamura carrega a bandeira dos Pro Players. Ele viaja o mundo inteiro aproveitando seu level 7 no Pro Players Club. Já garantiu level 8 para o ano que vem e sem dúvidas é um forte candidato para o Hall da Fama nos próximos anos. Eu tive a oportunidade de conhece-lo pessoalmente em Buenos Aires e o que eu posso dizer é que ele foi muito simpático sem nenhum estrelismo.

Nós aqui do Fact or Fiction temos nossos contatos, e quem sabe em breve conseguimos uma entrevista com o Shuhei aqui no Blog.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Goblin Assault

Bom, vendo os spoilers na salvation, muitas cartas interessantes, mas como ainda não tem a imagem de todas as cartas acabei escolhendo fazer um preview do Goblin Assault, já que eu tenho a figura pra mostrar aqui no blog.

É inevitavel a comparação desta carta com a Bitterblossom. Apelidada de "a blossom vermelha" essa carta ao meu ver não tem a mesma força que o gerador de fadas pelos seguintes motivos:

- Custa 1 mana a mais
- Os tokens não voam
- Os tokens tem que atacar todo o turno

Mas o que faz a blossom realmente ser uma carta muito forte é a sinergia que ela tinha com a Scion e a Misbind Clique. Tanto que se blossom ganhasse jogo sozinho, o BR Tokens seria um deck muito melhor do que foi nesta última temporada.

Mas é claro que este encantamento não é ruim, mas os builders vão ter que trabalhar bastante para encaixar esta carta em um deck competitivo. (Joker, está é a sua deixa!). Se eu fosse apostar em algum deck, tirando o BR tokens, que provavelmente continuará existindo, mesmo sem Gargadon nem Goblin War Marshal, um primeiro rascunho poderia ser um RW, tentando aproveitar esta nova mecanica de Exalted, onde você estaria atacando todo turno com um goblin 3/1 ou 4/1.

Bom, assim que forem aparecendo novas cartas eu tento fazer um preview aqui.
Até a próxima!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Deft Duelist

Por Leandro "Stalker"

Pela primeira vez na história deste blog, faremos um card preview. Shards of Alara está ai, e com a sáida de TSP+Coldsnap, este novo bloco tem a responsabilidade de manter o T2 forte e diversificado. A quantidade de cartas também será reduzida drásticamente, já que as novas diretrizes da wizards é de fazer sets menores. 922 cartas estão indo embora, e 249 estão chegando (Ok, tem lands básicas nos 2 lados). Temos um déficit então de 673 cartas. No príncipio, os decks mais fortes ainda serão baseados nos do bloco de Lorwyn/Shadowmoor, mas no final do ano, com o Worlds, Shards vai mostrar a sua verdadeira força. Chega de enrolação, a carta que eu escolhi para fazer o preview foi: Deft Duelist.

Com tantas cartas para escolher fazer um preview, eu escolhi esta pequena criatura. 2/1, iniciativa e shroud. Guardadas as proporções, está carta me lembra muito o Court Hussar, talvez por estarem na mesma guilda (Azorius), e serem eficazes tanto contra aggros (first strike/ 1/3 Vigilance), como contra control (Shroud/ Draw). OK.. que heresia a minha, o bixo não arruma a sua draw, não tem vigilância, não tem como comparar os dois :), mas como ano passado eu joguei bastente de gruul e sempre que eu via um Hussar pela frente eu torcia o nariz, se eu visse este Deft Duelist, acho que eu ia fazer cara feia também.

Fico imaginando como que o Fadas atual consegue encarar este bixo: Pendelhaven está indo embora, então a menos que uma Mistbind apareça de surpresa na attack phase, este bixinho vai causar bastante. Até mesmo aquelas aberturas rápidas dos monoR parecem que vão ficar mais fracas também. Mogg Fanático, sem problema, Blood Knight também está de partida, e Stigma Lasher fica só vendo o jogo longe da combat zone.

No formato limited, sem dúvida este bixo é muito bom, mas é difícil prever o impacto desta carta no T2. Depende muito das cartas suportes a guilda de azorius (que agora ao invés de ser 2 cores, são 3 e ainda não decorei os novos nomes). Mas com essa mecânica de Exalted (Quando uma criatura que você controla atacar sozinha, aquela criatura ganha +1/+1 até o final do turno),
você consegue ter um bixo dando clock no seu oponente, enquanto os bixos com a habilidade de exalted vão formando sua barreira de defensores.
Outra coisa interessante, é que ele é rogue?! Tá ok, péssima idéia... Mas ainda tenho uma última idéia tirada da cartola.. hmm Thistledown Liege. É pessoal, talvez esteja na hora de você correrem atrás dos Lieges, enquanto o preço não inflaciona. Com tantas cartas douradas em Shards of Alara, muitas cartas esquecidas podem começar a ver jogo.

Bom, fica ai a minha aposta, isso não é nada mais do que um simples chute, quando sairem as listas dos top8 do Worlds, quem sabe não apareça um uw aggro-control usando este duelista.


Se você acha que eu falei algo coerente ou só besteira, deixe a sua opinião, em 3 meses a gente ve quem estava certo :)

Para ver mais cartas de Shards of Alara, visite a Salvation.

Até a próxima!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Entrevista: Vagner William Casatti


por Ricardo "Thorgrim" Mattana


Segue a entrevista que eu fiz na noite desta quarta-feira com o Vagner W. Casatti, Campeão do Nacional de 2008. Além de ser um ótimo jogador, o Vagner me pareceu ser uma ótima pessoa, sendo muito atencioso e respondendo rapidamente o batalhão de perguntas que eu sempre faço.

Em breve o blog terá ótimas novidades, além de uma constante atualização, agora que minha agenda anda um pouco mais tranquila.

Vamos a entrevista...

Thorgrim: Primeiramente, gostaria de agradecer por conceder essa entrevista aqui para o nosso blog e parabenizá-lo pela conquista.

Casatti: Obrigado, eu que agradeço.

Thorgrim: Antes de qualquer coisa, algumas perguntas básicas para os nossos leitores conhecerem melhor o Campeão Nacional de 2008. Fale seu nome, idade e o que faz fora do Magic.

Casatti: Vagner William Casatti, 24 anos, estou no último período de Direito na PUC-PR.

Thorgrim: Como você conheceu o jogo?

Casatti: Quando eu estudava no primeiro ano do colegial, dois amigos que estudavam comigo (o Michel "Jesuis" Delespinasse e o Mark Rul) me mostraram o jogo.

Thorgrim: Desde quando começou a jogar competitivamente?

Casatti: Acho que alguns meses após começar a jogar, entrei no meu primeiro campeonato na Itiban (loja localizada em Curitiba). Era um deck RG, cheio de Fogs, Giant Strenghts, Raging Goblins e Scryb Sprites (foi essa minha primeira carta de Magic). Na época, eu dava as Fogs em Lightning Bolts, Stroke of Genius, etc. Pra mim, FOG era o NUTS!

Thorgrim: Antes desta conquista inédita, quais haviam sido os seus principais resultados?

Casatti: Basicamente, eventos Construídos. Ganhei o PTQ Veneza, PTQ Charleston (Trios, com o Robson Silveira e o Elton Fior), um Top 8 no Nacional de 2004 ou 2005 (não me recordo agora), Top 16 no GP Curitiba em 2001, Top 64 no GP Rio também em 2001, Top 16 no GP São Paulo e Top 32 no GP Porto Alegre.

Thorgrim: Qual seu formato preferido e por quê?

Casatti: Constructed, pricipalmente Extended. Curitiba é um dos lugares onde o Extended é/foi mais jogado. Gosto de jogar com cartas antigas, me divirto fazendo Fact or Fictions, Flametongue Kavus ou Wild Mongrels. Agora, com a rotação de algumas edições, tenho que esperar pra ver como vai ficar o novo Extended.

Thorgrim: Existe algum jogador em que você se espelha?

Casatti: Eu não leio muito sobre o perfil dos jogadores - como eles jogam, como agem durante as partidas, etc - mas, o jogador que eu gosto de ver por aí é o Jon Finkel. Ele dominou completamente a época em que eu mais me dediquei ao Magic. Gosto do livro dele, Jonny Magic and the Card Shark Kids. É um livro que vale a pena ler, além dele citar meu teammate Elton, o que é uma honra!

Thorgrim: Além deste lado competitivo, quais outros fatores te atraem no Magic?

Casatti: Eu tinha deixado pra lá o lado competitivo do Magic. Para mim, quase formado e jogando Poker sempre que posso, Magic tinha se tornado uma diversão.

Uma das coisas que eu mais gosto de fazer, é jogar deckão. Pra quem não sabe o que é um deckão, eu vou explicar.

De tempos em tempos, o Ivan Fox, pega uns 400 shields e começa a montar um deck com one of a kinds, ou seja, uma carta de cada (das boas). Daí, joga normal, comprando do mesmo deck. Cartas que buscam coisas no deck (tipo tutores) ou arrumam o topo (como o Sensei´s Divining Top) normalmente não são usadas. É aí que o jogo se expande, com milhares de cantrips (cartas que fazem algum efeito e compram outra carta), criaturas monstruosas nunca usadas antes, etc.

Há uns 2 meses atrás, resolvemos jogar isso no formato 2HG (Gigante de duas cabeças), passávamos horas jogando. Tinha dupla que esperava 2 horas pra jogar, pois os jogos facilmente demoram mais que uma hora. Jogar um deckão, comendo uma pizza e tomando uma coca-cola (ou cerveja), realmente é uma das coisas que eu mais gosto de fazer na vida.

Diversas vezes a gente chegou a jogar até o amanhecer, sem ter visto a hora passar. O último deckão possuía infinitas cartas Extended, porém, o Tidings teve que ser banido, pois abusava do late game

Thorgrim: Você possui alguma superstição quando vai jogar algum torneio?

Casatti: Não, nenhuma. Apesar de eu ter feito o sinal da cruz em todos os jogos desse Top 8.

Thorgrim: Como é jogar um campeonato, como o Nacional, que possui dois formatos distintos? Existe uma preparação psicológica especial, para se desligar de um formato e voltar sua atenção para o outro dentro das rodadas?

Casatti: Como dito anteriormente, eu gosto de jogar Constructed e, por consequência, ODEIO LIMITED. Toda vez que eu tenho que jogar um Draft ou Selado, fico ansioso, mas isso acaba quando pego a primeira carta. Acho que é possível você se concentrar no que está fazendo, seja lá qual for o formato.

Thorgrim: Como foi sua rotina de treinos para este Campeonato Nacional?

Casatti: Praticamente nenhuma. Depois do Mundial do ano passado, eu joguei apenas dois FNM, não fui nem para o GP Buenos Aires, pois tinha decidido não jogar mais Magic. Quando alguns amigos me chamaram pra ir pra São Paulo, resolvi realmente ir. Passei algumas noites comendo porcarias e jogando um pouco de Standard. Fora isso, vi o Sérgio Winnik e Diogo Aires jogarem dois drafts no Magic Online.

Thorgrim: Apesar do pouquíssimo treino para este Nacional, quais são seus principais parceiros de treino?

Casatti: Jogadores de Magic, assim como tudo na vida, vai e volta. Os caras que jogam comigo hoje em dia são: Rafael Riet, Ivan Fox, Sergio Winnik, Leonardo Graichen, Diogo Moraes, Rubens Campana, Ícaro Branco, João Dannemann, Thiago Chemin, Alexandre Ando, Fernando Okada, Fabiano Lucindo, Carlinhos Creveloni, alguns jogadores de Joinville, entre outros.

Thorgrim: Por que você optou pelo UW Blink no Constructed? Quais decks você esperava enfrentar no Nacional?

Casatti: Eu queria jogar de Kithkins, mas como todo mundo daqui de Curitiba resolveu ir de UW, eu fui também. Além do mais, faltavam algumas cartas para eu fechar o deck de Kitikos.

Eu esperava pegar qualquer coisa que não fosse Faeries, pois eu acho o deck horroroso e pensei que ninguém fosse jogar com ele. No fim das contas acabei pegando quatro delas durante o campeonato.

Thorgrim: O ambiente que você encontrou no Nacional bateu com suas previsões ou algo te surpreendeu?

Casatti: Eu imaginava encontrar muitos Mono Red e UWr Reveillark, algo que não vi em tão grande número. O BG Control (BG Elves by Nakamura), que era o deck mais jogado no Nacional, eu nem sabia que existia.

Thorgrim: Qual era seu plano para os drafts de SSE? Apesar de não ter treinado muito, alguém lhe deu alguma dica para o formato? Quais tipos de deck você conseguiu draftar?

Casatti: Mono Red. Draftar o máximo de criaturas 1/1 que não deixam bloquear (Intimidator Initiate). Essa era a estratégia que me ensinaram ^^.

Fiz um deck desses no primeiro draft, fazendo 3-0. Depois fiz um RG todo torto, que fazia um 5/5 Flying com retrace, daí fiz 2-1. Eu nunca tinha visto as cartas das edições, não sabia o que quase nada fazia, portanto tive que ler correndo, já que o draft esse ano me pareceu TURBO!

Thorgrim: Em qual rodada você começou a acreditar no título?

Casatti: No final da 15ª. Nunca mais eu comemoro algo antes do fim.

Thorgrim: Algum problema no passado com essa história de "comemorar antes do fim"?

Casatti: Uma vez eu estava em 5º no Nacional, faltava a última rodada. Eu jogava com um GW Beasts (Baloths, Exalteds, Worships, Beast Attacks) e fui paired contra o Cristiano do Rio. Ele tava de RG Aggro e o match era 80% favorável pra mim.

Comecei a comemorar o top 8, porém no Featured Match, o Cristiano vira pra mim e fala: "VOU TE FUMAR" AEIAHEIUHAUIEHUAIEHIE... Dito e feito, ele ganhou e foi para o Top 8 enquanto eu fiquei em 10º ou algo assim.

Thorgrim: Qual foi o jogo mais difícil deste Nacional e por quê?

Casatti: Certamente foi a final. Um 3-2 muiiiito apertado. Eu não sabia o que aquele deck fazia, o que ele usava de sideboard contra mim, coisas assim.

Thorgrim: O que você achou da seleção brasileira que se formou esse ano? Conhece os seus companheiros de seleção?

Casatti: O Willy é conhecido de todos por causa de seus bons resultados. O Leopoldo é um grande amigo, desde quando tínhamos 16-17 anos e éramos conhecidos por Sucrilhos.

Diziam que a gente comeu muito Sucrilhos quando pequeno, porque nós tínhamos cara de moleque e 1.90m com 16 anos. O Leit vem fazendo grandes resultados esse ano. Portanto, espero que seja um bom Mundial para a seleção brasileira.

Thorgrim: Tal resultado te anima a voltar a levar o Magic mais a sério ou o Poker, entre outras coisas ainda continuam sendo prioridade na sua vida?

Casatti: Então, eu estou meio confuso no momento. Tenho que terminar a faculdade esse semestre pra fazer a prova da OAB e me tornar um advogado criminal. Mas descobri que os invites pro Pro Tour Berlin saem dia 17 e agora estou no Top 100 mundial.

Estou pensando em ir para Europa, jogar o GP Paris e o Pro Tour Berlin. Mas, com isso, vou ter que faltar 15-20 dias de aula, o que vai me fazer perder a chance de me formar esse ano.

Agora eu não sei se eu termino esse ano jogando esses torneios e o Mundial, como forma de despedida, ou simplesmente vou para o Mundial sem treinar quase nada por ser a época de provas finais.

Thorgrim: Quais as vantagens que um jogador de Poker tem ao jogar uma partida de Magic?

Casatti: Eu jogo Poker apenas online, daí não sei se tem alguma vantagem. Eu blefo muito no Magic, mas isso desde os primórdios. Na final, eu ficava virando quatro manas para representar um Cryptic Command e acabava dando um counter qualquer. Faço isso bastante. Quem sabe o oponente começa a jogar em torno da carta e muda suas jogadas, me dando alguma vantagem.

O mesmo acontece com os Mana Tithes do Kithkins, os quais o Fabiano Lucindo nunca colocava para dentro, mas deixava sempre a Planície de pé contra seus oponentes. Pode ter certeza que ninguém que já tomou um Force Spike na vida, dá uma Wrath of God no turno 4 de novo.

Thorgrim: Você possui algum conselho para quem pretende jogar competitivamente no Brasil e almeja jogar o Nacional?

Casatti: Jogar bastante Magic Online. Lá, você pode ter suas principais dúvidas sobre regras respondidas, tem um ambiente variado, drafts a todo o momento. Fora isso, jogar todos os PTQs possíveis, para conseguir vaga por ranking, pois o Free For All é dangerous! Viajar pra jogar um torneio de eliminatória simples é coisa de MACHO!

Thorgrim: Deixe um último recado para nossos leitores

Casatti: Bom, seja pra jogar competitivamente ou não, Magic é uma ótima coisa pra se fazer. Quer ser um campeão? Treine bastante, leia artigos. Quer jogar na brincadeira? Ótimo, esse é o seu lugar. Passe horas jogando formatos aleatório com seus amigos.

Amigos... Sem dúvida alguma, esse é o principal fator de lembrar que Magic é uma coisa boa na minha vida. Posso contar nos dedos os amigos que tenho contato da escola, do colégio, do futebol. Mas, meus amigos do Magic, vira e mexe estão comigo numa festa, na praia, em muitos lugares. Fora os que já citei acima, vale lembrar dos que não jogam mais, mas fizeram parte do meu desenvolvimento como pessoa e no jogo de monstrinhos. São eles: Atog, Capota, Gordo, Caloro, Contchudo, Galo, Daniel, Negrini, Salsicha, Xiprauski, os MMs e outros que não me recordo agora (mil desculpas).

Obrigado a todos que torceram por mim e me deram os parabéns pela conquista.

Thorgrim: Obrigado novamente pela entrevista e parabéns pela conquista merecida!

Casatti: Ah, antes que eu esqueça, pretendo fazer um blog sobre Poker e Magic neste final de semana, até o fim do ano eu pretendo postar sempre.

Thorgrim: Abraço!

Casatti: Abraço!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O Natz na visão dos juízes

Por Leandro "Stalker"

Bem, nesse últimos tempos eu comecei a levar um pouco mais a sério essa coisa de ser um juiz de magic, principalmente após alguns campeonatos onde eu percebi que eu conhecia muito mais de regra do que alguns juízes.. "se esse cara aí é juíz, porque eu não posso ser?"

Conversei com o juiz Fox aqui de SP sobre essa carreira de juiz, e ele me deixou com o seguinte dilema: Escolher ser jogador ou ser juiz. Escolha díficil, principalmente quando você ainda tem o sonho de ganhar um PTQ, jogar o Natz. Mas como ainda estou no começo, ainda da pra dividir o tempo jogando uns campeonatos e apitando outros

Apitei meu primeiro FNM, e foi bem tranquilo.. sempre aquelas dúvidas de sempre, nameless inversion no goyf e tem um sorcery no grave.. morre ou não morre, burrenton pode prevenir o dano causado pelo blood knight. Interpretar regra é uma coisa simples, mas o dífcil quando você é juíz é tentar consertar as cagadas que os players fazem e que não estão no livro de regras, um pouco mais sobre isso no decorrer deste post.

Graças aos juízes Fox e Henrique, eu pude estar presente no nacional deste ano, não como jogador (é, fui fumed no FFA, maldito critério de desempate por vida!), nem como juíz, mas sim como um sombra, no melhor estilo soltari priest. Eu podia ver os jogos, escutar as conversas com juízes mas de maneira alguma poderia me comunicar com os jogadores. Foi uma experiencia muito interessante para mim pois além de poder ver os melhores jogadores do pais jogando, eu aprendi muito com os juízes e as maneiras que eles interpretavam certas jogadas. Jogador A revelou duas cartas do topo ao invés de uma, como consertar isto? Jogador B esqueceu de atacar com o maniac no turno passado, e o oponente só percebeu isto no turno dele.. o que acontece?

Ao longo dos 2 dias de campeonato as pérolas vão se acumulando, jogadas geniais, jogadas bizarras, topdecks incríveis, players que não tomaram DQ por questões de milimetros. Ser parte da Staff faz a gente saber de tudo o que acontece no campeonato, coisas que os jogadores nunca saberão que aconteceu.

E almoço? Os juízes comem também, sabiam disso? Tem toda uma logistica de revezamento.. os lanches do Mc chegam por volta de meio-dia e lá pelas 17hs o último juiz do rodizio faz o seu lanchinho, comendo aquela batata com gosto de areia ou o nuggets com gosto de borracha. Se você imaginar que o prazo de validade de uma lanche do Mc dura 5 minutos.. comer ele 5 horas depois que ele ficou pronto.. yumy yumy :)

Ainda pude assistir a final entre Leit e Casatti de camarote. Que jogo! Nunca tinha visto um nacional de perto, foi emocionante. Como diria o Thorgrim, "eu jogo magic, esses caras jogam outro jogo" Não dúvido nada que o Leit seja nosso próximo pró player a despontar no cenário internacional.. Berlim será muito difícil, já que o ambiente é T4, e esse é território de domínio europeu dos últimos 3 anos, mas no worlds creio que ele terá mais chances, ainda mais jogando o legacy no formato de equipes do worlds.

Pra finalizar algumas "pérolas" no nacional deste ano:

Jogador A tem um Teferi e um Anjo de Platina na mesa e tem alguns counters na mão. Jogador B está de kithkin, e faz um mirrorweave dando alvo no cenn.. ele bate com mais dois bixos, o jogador A toma todo o dano de combate. Como o dano foi letal, o jogador B fala, você morreu.. Jogador A fala, não, eu tenho o platina.. Jogador B responde.. o seu Platina é um Cenn.. CRÉÉÉUUU!!!

1° round do Nacional, PV jogando de Fadas, enfrenta um Mono Black control.. estamos no game3 e o monoB está no play e mulliga para 5. Ele abre de mana seize, tira o seize do PV. O fadas faz mana vai, monoB faz mana blossom.. só sorte esse tal de magic. Continuando o jogo, o monoB tenta encaixar um Demigod que toma counter, turno seguinte PV faz vendilion na draw phase do oponente e ve outro demigod, que vai direto para o fundo do deck. No mesmo turno, o cara sacrifica a mind stone, compra outro demigod, e ainda tem 5 manas para faze-lo e trazer o outro do grave..é, bad beats acontecem!

Agora a coisa mais bizarra que aconteceu no campeonato foi num round do draft, quando um tal jogador chamado Paulo_tte estava enfrentando o Wendell.. era o game2, tte com 9 de vida e wendel, se nao me engano a 4.. wendell tem alguns bixos na mesa precisa topdeckar alguma coisa para não perder o jogo, puxa a carta do topo e revela um Corrupt (7 pantanos na mesa), Wendell fala "Acabou?!", tte confirma, "É, acabou.", wendell recolhe, tte recolhe e vai assinar a slip.. wendell fala, "Não, game3, você nao recolheu?", "Não, você que recolheu".. ai a confusão foi instaurada.. 15 minutos de conclave entre os juízes para decidir como consertar essa cagada felomenal... milagrosamente os 2 conseguiram refazer a mesa de jogo e prosseguiram a partir dai.

Por último, vou fazer um merchan do blog do robina, nosso concorrente direto nos blogs brasileiros de magic. Muito boa a coverage desse natz, quem sabe ano que vem a gente não faz um coverage em conjunto, postando direto no site da wizards. Se um brasileiro ganhar o Worlds este ano, aposto que a gente consegue isto.

É, fim de temporada agora.. e que venha Shards of Alara!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Entrevista: Paulo Ricardo Cortez


por Ricardo "Thorgrim" Mattana

O segundo a ser entrevistado pelo blog, foi o Paulo Ricardo Cortez, um dos favoritos a fazer parte da seleção e representar o Brasil no Mundial. Espero que vocês gostem da entrevista, me diverti muito com ela e aprendi muitas coisas, valeu Paulo.

Desculpe se ando demorando para atualizar o blog, mas os treinos andam consumindo muito o meu tempo. Depois do FFA/Nacional devo ter mais tempo livre para escrever.


Thorgrim:
Primeiramente, gostaria de agradecer por conceder essa entrevista aqui para o nosso blog.

Paulo: Que isso, obrigado você.

Thorgrim: Antes de qualquer coisa, fale seu nome, idade e o que faz fora do Magic.

Paulo: Bem, meu nome é Paulo, tenho 19 anos e faço cursinho pré-vestibular.

Thorgrim: Como você conheceu o jogo?

Paulo: Eu conheci o jogo quando eu tinha 13 anos, se não me engano na minha escola, primeiro não dei bola e dei risada porque eu odiava esse tipo de jogo.

Então cheguei na casa da minha tia e meus dois primos, que andavam bastante junto comigo, compraram um pré montado de Investida. Acho que minha primeira reação foi rir deles, depois perguntar como jogava e bem, aqui estou hoje!

Thorgrim: Desde quando que você joga competitivamente?

Paulo: Acho que desde dois anos pra trás no máximo, por volta de 2006. Acho que a dimensão de como o Magic é grande, é meio difícil de ser notada, mas quando você percebe é meio inevitável tentar entrar no lado competitivo.

Thorgrim: Para quem não te conhece, fale um pouco sobre seus principais resultados.

Paulo: Bem, eu não sei o que conta ser bom resultado, então vou falar os que eu fiquei relativamente feliz com. Acho que tirando Top 8 em Regional foram 5 Top 8 em PTQ, o Money finish no GP que valeu como experiência e os únicos campeonatos em que eu cheguei a ganhar foram o Pré Release de Future Sight e o GPT Buenos Aires.

Thorgrim: E os resultados desta temporada estão sendo satisfatórios ou você esperava mais?

Paulo: Eu acho que todo mundo espera mais quando não ganha. Sinceramente, pra mim esse ano foi um desastre. Como disse Augusto dos Anjos em um dos seus poemas: “minha companheira inseparável é a pantera da ingratidão”.

Acho que me dediquei extremamente pro jogo levando ao limite de seriedade, me foquei em um objetivo e não consegui tirar ele da cabeça. É triste perder Top 8 em PTQ, depois de um certo tempo você fica repensando no que errou, no que deixou de treinar, porque os outros ganham e você não.

Uma frase que eu disse pro Cenora resume muito bem essa ânsia de ganhar um PTQ. Certa vez, estávamos conversando e resumi minha vontade de ganhar o PTQ à mesma de um virgem querendo perder a virgindade - você corre atrás de todas as possibilidades pra isso, na sua cabeça só existe isso e enquanto você não faz você não sossega.

Acho que se levar em conta apenas Top 8 de PTQ nessa temporada eu fui relativamente bem, de 3 formatos (selado de Lorwyn, Extended e Block Constructed) fiz Top 8 em dois dos formatos e Top 16 em todo o resto dos PTQs menos um em Porto Alegre onde fui bem mal.

Thorgrim: Como é sua rotina de treinos quando se aproxima um campeonato importante?

Paulo: Acho que uns dois meses antes eu começo a jogar todo dia o formato do próximo PTQ. No máximo um mês antes acho que jogo em média 6 horas por dia nos dias de semana fora o tempo que você passa discutindo Magic. Eu acredito que a força de vontade supera qualquer talento, acho sim que alguns tenham facilidade, o que não me impede de compensar isso com horas a mais de treino.

Alguém pra treinar com você é a peça chave do treino, de preferência alguém melhor que você. Eu acho que tive muita sorte porque muitos bons jogadores me ajudaram muito com isso. O Bertu é um cara extremamente dedicado, com o mesmo pensamento que eu, acho uma pena ele diminuir o ritmo nesse último tempo em função do trabalho e da faculdade.

Ele tem foco, objetivo e método de treino, o que sinceramente, não acredito que mais ninguém tenha. Não é pegar e sentar e ficar jogando Magic por 5 horas sem objetivo, é treinar cada match, cada possibilidade de sideboard, anotar os resultados e ter coragem de descartar deck, coisa que muita gente não tem e acaba se iludindo e fantasiando que o deck é bom para não ter que perder tempo de novo revisando todos os matches com um novo.

Evoluí treinando com ele em cada PTQ, o que eu acho que outra pessoa não poderia ter evoluído sem esse tipo de treino e consegui perceber o quanto evoluí, isso é o que gosto.

Ultimamente o PV vem me ajudado muito também, porque acho que é a primeira vez que os formatos dele batem com os formatos dos campeonatos brasileiros na mesma época.

Meu primeiro top 8 em PTQ foi com a lista dele de Gifts Rock que ele me deu depois de ganhar esse PTQ (o report dele pode ser lido aqui http://www.ligamagic.com.br/?view=forum/mensagem&id=29990), ele me ensinou tudo e me passou tudo, algo que eu acho extremamente difícil alguém fazer hoje em dia.

No ultimo PTQ Extended ele me deu a lista de Previous Level Blue antes mesmo do deck se tornar conhecido. Ele tem um jeito diferente de jogar Magic, eu não consigo explicar, para ele tudo e mais fácil e óbvio e ter qualquer ajuda dele é muito importante, aprendi muito com o jeito que ele teoriza as coisas sem jogar, é tipo o House, ele fala algo, agente discorda, então agente treina e descobre que ele está certo.

Não quero desmerecer o resto do canal da #mtg.br que quase sempre acaba se unindo, um especial aqui pro Shooter porque acho que ele é outro que acaba sempre me ajudando na escolha de decks pros campeonatos.

Thorgrim: Qual seu formato preferido e por quê?

Paulo: Olha, é difícil eu falar meu formato favorito, mas gira entre dois que são bem distintos um do outro: Block Constructed e Extended. Eu gosto de Block porque as cartas ruins viram boas e normalmente a quantidade de deck é limitada, o que facilita o treino e gosto de Extended, pois acho que é um formato onde se é possível inovar e que a análise de ambiente é vital.

Odeio Limited, pois acho que o formato chega uma hora que o mesmo conhecimento que você tem, todo mundo tem. Os picks se tornam mecanizados, todos sabem o que fazer e que carta é melhor que o que.

Thorgrim: Existe algum deck que você tenha jogado, que lhe trás boas recordações?

Paulo: Acho que todo deck me trás algum tipo de recordação boa, mas dois são os principais. Gifts Rock, por que foi o primeiro deck que eu fiz top 8 em um PTQ, é um deck complexo e cheio de escolhas, gosto muito da mecânica do deck então sempre que possível jogo com o deck.

O segundo deck é o Pickles do Block Constructed, pois acho que foi nele que eu vi que melhorei no jogo. Ele marcou muito a fase de começar a se dedicar de verdade ao jogo, me rendeu um Top 8 e um Top 4 em PTQ, então ele também está na lista.

Thorgrim: Qual foi a partida mais emocionante para você dentro de todos estes anos de Magic?

Paulo: Sabe que eu nunca parei pra pensar nisso, mas lembrando de cabeça acredito que minha partida mais emocionante foi no ultimo PTQ Berlim, Block Constructed. Ultima partida eu peguei o Jonais que é bastante meu amigo, ambos 5-1, e ele não podia dar ID. Tivemos que jogar, comecei perdendo o jogo, ganhei a segunda e na terceira partida eu virei um jogo que não consigo explicar muito bem como.

Ele começou terreno vai, terreno Bitterblossom assim como eu, então ele fez um WISPMARE no seu terceiro turno, e eu descobri que o UB Faeries dele tinha Wispmare para o mirror match. Minha segunda spell foi um Cryptic Command na Bitterblossom dele no quinto turno, encaixei uma Scion of Oona no momento certo com uma Spellstutter de backup e depois comecei a bater com meus Mutavaults. Acho que joguei muito bem esse jogo.

Thorgrim: Além deste lado competitivo, quais outros fatores te atraem no Magic?

Paulo: Acho que o que mais me atrai no Magic é o fato de poder viajar. Não lembro quem me falou uma frase que guardo até hoje "Magic é uma excelente desculpa para gastar dinheiro quando normalmente você não teria". Acabei conhecendo grande parte do Brasil pelo Magic, o que eu acho fantástico, tudo com o pensamento de que posso recuperar esse dinheiro se ganhar o PTQ.

Enquanto o fim de semana dos meus amigos é ir pra praia em Ubatuba, o meu é ir pra Porto Alegre passando um tempo em Florianópolis com meu inseparável companheiro de viagens que é o Brunilsks.

Thorgrim: Qual a principal diferença entre jogar IRL (In Real Life) e pela internet?

Paulo: Bem, jogar IRL é legal e jogar na internet é muito chato. Mas acho que para treinar eu sinceramente prefiro a internet, não sei por quê. Não tenho o mesmo pensamento de quase todo mundo que IRL é melhor, mais produtivo, ou qualquer coisa do gênero.

IRL você perde tempo embaralhando, falando, você acaba inevitavelmente mudando de assunto, tomando cerveja, esquece do treino, um desastre. Na internet é tudo mais rápido, trocar de sideboard, embaralhar, qualquer duvida você entra em algum site e procura algo, é simplesmente mais jogos com a mesma qualidade em menos tempo.

E também tem o diferencial de poder jogar com pessoas que moram muito longe.

Thorgrim: Qual o impacto de Eventide no ambiente Standard?

Paulo: Acho que gigantesco simplesmente pelo Figure of Destiny. Você tem que descartar muita coisa do que você treinou antes de Eventide, seja para o FFA ou para o Nacional, porque agora o Mono Red é o deck dominante.

Thorgrim: Você possui alguma superstição quando vai jogar algum torneio?

Paulo: Nossa, eu tinha MUITAS, muitas mesmo, acho que hoje em dia não tenho nenhuma. Vou falar pra vocês darem risada: Eu sempre sentava de frente pro relógio, não pra ver o tempo mas porque me dava sorte. Se o campeonato não tem um relógio eu procurava sempre sentar na mesma posição que sentei o jogo anterior se eu ganhei aquele jogo.

Sempre deixava a mochila do lado direito, sempre cortava o deck do meu oponente em cinco, sempre pegava a slip pra eu guardar e a mais importante: nunca comia durante o campeonato.

Bem, eu naturalmente não consigo comer enquanto jogo Magic, mas isso me marcou muito pois quando fui jogar o GP Porto Alegre eu tinha uns 14-15 anos e era a primeira vez que eu tinha viajado pra jogar sem entender a dimensão do campeonato, e eu abri 4-1 sem byes, era ganhar mais uma, empatar e day 2.

Então eu comi uma bolacha, maldita bolacha, e perdi. Fiquei com isso na cabeça até hoje, mas normalmente não como porque odeio jogar com a barriga cheia, apenas bebo coca. Mas vocês vão me ver sempre cometendo uma ou outra dessas manias.

Thorgrim: Para este Nacional, os treinos têm rolado tanto quanto você gostaria?

Paulo: Eu acho que não tanto quanto eu gostaria, mas mais do que eu esperava. O fato do Bertu estar trabalhando simplesmente derrubou meus treinos em todos os sentidos, mas nessas ultimas semanas parece que o pessoal começou a se empenhar bastante, os treinos estão fluindo muito bem, eu to gostando bastante de treinar com o PV, o Bertu e o Shooter para esse Nacional.

Thorgrim: Aqui no nosso Nacional, os dois drafts serão de Shadowmoor e Eventide, enquanto em outros países tivemos também o draft de Lorwyn e Morningtide. Tal decisão lhe agrada?

Paulo: Nossa! Isso me desagrada profundamente, mas é por um motivo egoísta. Triplo de Lorwyn foi o limited que eu mais treinei na vida junto com o Walter de Porto Alegre, pois eu realmente queria ir bem naqueles PTQs e que eu me dediquei, então queria muito ter Lorwyn pra jogar no Nacional, mas apenas por isso. Teoricamente quanto menos formato melhor, pois são menos formatos para se treinar.

Thorgrim: Como é jogar um campeonato com dois formatos distintos? Existe uma preparação psicológica especial, para se desligar de um formato e voltar sua atenção para o outro dentro das rodadas?

Paulo: Bem, eu não gosto, pois precisa de mais tempo para se treinar. Acho que facilita um deles ser Limited porque acredito eu que teorizar no Limited é mais valorizado do que no Constructed, o que poupa tempo.

Thorgrim: Você se sente mais preparado para as rodadas Standard ou para os drafts?

Paulo: Meu instinto seria falar para as rodadas Standard, mas seria uma mentira. O ambiente está muito aberto, a porcentagem do total dos decks em outros nacionais é muito parecida, o que torna a escolha do deck mais difícil. Até hoje, dia 02, me sinto mais preparado para os drafts, mas acredito que até o dia do campeonato vai mudar para o Standard.

Thorgrim: Na sua opinião, quais os favoritos para ganharem as vagas para a seleção brasileira este ano?

Paulo: Bem, para ser sincero acredito que alguém do meu grupo de treinos vai ganhar a vaga, e depois outro grupo de treino que eu vejo estar forte é o dos paulistas.

Thorgrim: Você possui algum conselho para quem pretende jogar competitivamente no Brasil e almeja jogar o Nacional?

Paulo: Acredito que se você deseja se tornar um bom jogador, você acaba inevitavelmente abrindo mão de muita coisa, suas amizades começam a mudar naturalmente e fins de semana no PTQ ao invés de estar na praia vão estar ao seu lado. Treine bastante, tente treinar com pessoas que você considera melhor que você, as escute, acho isso muito importante.

Acredito que lá na frente o Magic te recompensa, é só ver o PV. As viagens para jogar PTQ são muito fodas, principalmente quando você sai do seu Estado. Imaginem as viagens para se jogar um Pro Tour.

Thorgrim: Deixe um último recado para nossos leitores

Paulo: Se você gosta de Magic não tenha medo de tentar algo mais competitivo, as viagens para jogar são coisas que você não conseguiria em outro lugar. Queria agradecer a entrevista por ter uma chance de pelo menos dizer que sou agradecido a todos que me ajudam.

Thorgrim: Obrigado novamente pela entrevista