domingo, 1 de fevereiro de 2009

Fatos ou ficções do Magic no Brasil

por Paulo "tte" Cortez

A rivalidade é algo que está presente em todo o tipo de competição. Corinthians e Palmeiras, Celtics e Lakers, Nadal e Federer, Ash e Gary e muitas outras poderiam ser citadas. Ela também pode se estender para outros tipos: entre países, estados, cidades, regiões e até mesmo entre esportes distintos. Esse sentimento faz com que as pessoas tentem dar o melhor delas, entretanto, quando mal usado, a rivalidade pode levar a discussões fulas e a brigas sem sentido. Então, gostaria de comentar um pouco sobre esta “rixa” entre algumas regiões, comentando sobre o que aprendi com cada uma delas, as verdades e mentiras sobre tais boatos.

É claro que englobar todas as pessoas da região faz com que isso seja bastante generalizado, e eu apenas falarei nesse artigo sobre as regiões e/ou grupo de pessoas que eu conheço. Quero deixar claro que se discordar em qualquer aspecto estou disposto a ouvir opiniões e argumentar.

Quem é que nunca ouviu coisas como “Minas Gerais só tem campeonatos fantasma”, “Porto Alegre é o PTQ mais fácil do Brasil”, “Rio de Janeiro só tem ladrão” ou “São Paulo só tem jogador arrogante que acha que sabe jogar Magic”. Sinceramente, eu ouvi isso muitas vezes, e pra falar a verdade, não acho que esses boatos tenham surgido por uma mente criativa, acredito que tenham um fundo de verdade, o problema é seu excesso de generalização.

Seleção brasileira de 2005, composta por Lucas "Bertu" Berthoud (paulista), Willy Edel (carioca), Pedro Uehara (paranaense) e Sergio "Cenora" Costa (mineiro).

1- Minas Gerais só tem campeonatos fantasma

Essa é relativamente velha, e começou por volta de 2004. Quem é que não lembra de jogadores antes nunca conhecidos chegando na primeira página da DCI, e todos com uma cidade em comum, Patos de Minas. Acho que o escândalo se tornou público quando um desses jogadores chegou a ser o primeiro do ranking no Brasil. Sinceramente, eu não consigo achar muitas explicações a não ser que os campeonatos foram realmente fantasmas. E tal tese ganha força quando olhamos as últimas páginas da DCI e encontramos jogadores de Patos de Minas também, alem do fato que nenhum desses jogadores tem uma conquista expressiva nos grandes campeonatos de Magic.

Para mim foi um dos maiores descasos do Magic brasileiro, uma prova concreta de fabricação de ranking e que nada foi feito para ser resolvido, o que dá uma margem maior de segurança para qualquer um que quiser fazer o mesmo. Outra cidade de Minas Gerais que está sob suspeita de tais campeonatos é Divinópolis, apesar de eu ter conversado com um dos jogadores e ele me garantir que os campeonatos são realmente realizados.

Mas, apesar de tais fatos, conheço jogadores de Minas muito honestos e que jamais se envolveriam em escândalos como esses. Posso citar, por exemplo, o Cenora, que provou a todos como esse estado ainda fabrica bons jogadores, jogando o mundial de 2005 e o Pro Tour Honolulu.

2- Porto Alegre é o PTQ mais fácil do Brasil

Bem, vamos analisar os PTQs do Brasil. O PTQ de São Paulo é o que possui o maior número de jogadores, além do fato de os bons jogadores do Rio de Janeiro e de várias outras localidades prestigiarem o evento. Já o PTQ do Rio de Janeiro possui um menor número de jogadores, mas os bons jogadores de São Paulo sempre acabam indo para o Rio. Sendo assim, esses dois PTQs acabam quase sempre contando com as mesmas figurinhas carimbadas, e é a região onde se concentra o maior número de jogadores competitivos.

O PTQ de Porto Alegre em particular é bem diferente desses dois, poucos são os jogadores que se locomovem até o sul do Brasil fazendo com que o PTQ tenha poucos jogadores. Aqui gostaria de mencionar o último PTQ realizado na capital do RS, em que a participação de apenas 45 jogadores ofuscou a dimensão do campeonato que eu considero o mais importante dos campeonatos regulares no nosso calendário.

Considerar o PTQ de POA o mais fácil do Brasil faz sentido e tem uma certa lógica, mas sinceramente, e daí? Um dos PTQs tinha que ser o mais fácil, se você não tem condições de jogá-lo falar mal do evento não vai te dar a vaga.

O que eu quero enfatizar é que o PTQ pode ser o mais fácil dos três, mas eu considero os jogadores de Porto Alegre tão bons, se não melhores, que os do sudeste. Eu podia citar uma lista enorme de bons jogadores de lá que são grandes amigos meus, tirando o PV, que merecem destaque e que muitas vezes são pouco conhecidos, além do fato de que o campeonato conta com o único juiz level 3 do Brasil.

3- Rio de Janeiro só tem ladrão

Lembro do meu primeiro PTQ que eu joguei no Rio de Janeiro, um PTQ block que eu fiz top 8 de pickles e que eu fui de van com o pessoal de São Paulo. Na ida para o PTQ eu ouvi as histórias do pessoal mais experiente sobre a “malandragem” de alguns cariocas. Aquilo me deixou assustado, pra falar a verdade até meio com medo. Parecia que eles te roubavam e você não iria conseguir notar, ou pior ainda, que eles te roubavam e você notava, mas que não iria adiantar nada já que você estava no Rio e carioca favorece carioca.

Agora tente se colocar no meu lugar, acho que tinha 16 anos e tava começando a jogar PTQ, não conhecia muita gente e minha influência era nula. Quando cheguei no local e comecei a jogar os jogos nada disso aconteceu comigo. Dei sorte? Bem, eu acredito que não.

Essa lenda de que carioca é ladrão vem de muito tempo acredito eu, ou até mesmo do preconceito que o carioca sofre em geral. Não acho que as histórias que eu ouvi eram mentiras, tenho plena convicção de que eram verdades, mas acho que o Magic evoluiu muito daquele tempo até nos dias de hoje. Tenho muitos amigos cariocas, e sinceramente, eles são pessoas muito legais que eu com certeza confio totalmente. Jogadores com más intenções tem em todo lugar, talvez no Rio tenha mais, mas seria apenas uma coincidência.

4- São Paulo só tem jogador arrogante que acha que sabe jogar Magic

Quando eu comecei a jogar Magic competitivamente eu ouvia muito nos PTQs que eu participava frases como “paulista pensa que sabe jogar magic”. Bem, agora eu consigo olhar porquê algumas pessoas falavam isso.

Eu acredito que São Paulo é o estado que reúne o maior número de jogadores competitivos do Brasil, mas o problema é que não tem um ícone de jogador. O Jabaiano é a briga de paulistas e cariocas, então ele acaba não sendo nenhum dos dois. Então cada um tenta se destacar como pode e muitos deles tem um marketing melhor do que o jogo em si.

Talvez pelo fato do sul possuir o PV e do Rio ter como seu representante o Willy, São Paulo fica em segundo plano quando falamos de Magic internacional. O estado possui excelentes jogadores, e eu acredito que é questão de tempo até que um jogador se firme como o ícone da região, o Leit mostrou ano passado que tem todo o potencial, agora é esperar esse ano se ele repete seu bom resultado.


Não posso falar das outras regiões porque infelizmente não conheço profundamente. Acredito que todo o mito tenha seu fundo de verdade, mas que talvez a rivalidade faça com que eles cresçam e tomem proporções astronômicas. O sentimento da competição é algo que me move no jogo e acredito que quando esse sentimento é canalizado ele beneficia e muito qualquer jogador.

Seria uma idéia interessante se pudéssemos rivalizar isso em uma competição entre estados, mas acredito que do jeito que o Magic está ficaria feliz se pudesse ver as cartas de Conflux antes do GP Rotterdam. Novamente, espero não ter ofendido ninguém, mas espero também que ninguém seja hipócrita a ponto de negar certas coisas que qualquer jogador de Magic sabe que é verdade.

5 comentários:

Unknown disse...

Bom.. gostei bem da analise... cada lugar tem suas peculiaridades e esse post do tte mostra bem isso... sobre sao paulo nao se tem muito oq dizer, eh o polo do magic no brasil, mais jogadores intao tende a ter um numero maior de jogadores melhores nao desmerecendo a galera defora.. Como o Robina daki de Salvador que é zicado mas vez ou outra aparece bem ou o propio andré de recife... Bom é isso ai.. sperando sempre coisa de qualidade e continuem o otimo trabalho...
TTe, qual a boa do t2? =[
Abraçao, Koroa!

Fuzzy disse...

Querendo causar polêmica: Eu já ouvi um dealer carioca falar altas histórias de uma certa equipe do RJ...

Nomes omitidos, mas acho que tá fácil essa...

Unknown disse...

na moral...

q merda de texto. pra q isso aki?

desculpe,paulo. o lugar foi construido e notado pelos seus idealizadores belo brilhantismo dos textos e sempre por serem politicamente corretos e me vem um bagulho a la liga-magic-topico-trancado? qq eh isso...



-ragabashhh

Ricardo Mattana disse...

E ai Raga, eu até entendo que você não tenha gostado do texto, mas não precisava ter sido tão ofensivo no seu comentário.

Eu particularmente acho o tema pertinente e diferente de alguns usuários da Ligamagic, o Paulo quis ressaltar que a rivalidade pode ser algo positivo, como por exemplo, fazendo com que um jogador se supere numa partida por querer derrotar seu "adversário".

Não acho que seja um texto "a la liga-magic-topico-trancado?", mas ok.

Anônimo disse...

Gosto de artigos que comentem coisas que devam ser ditas.

Gostei bastante, e concordo em parte com o que foi dito. São Paulo é muito maior do que Porto Alegre e Rio de Janeiro. É um centro urbano mais desenvolvido, tem mais historia, etc. Isso nao tem como negar. É só olhar no mapa (google earth).

Sou de Porto Alegre e conheço ótimos jogadores, e outros muito bons que não jogam mais. Por isso,o nivel dos PTQs decaiu aqui com certeza, e também porque o magic aqui não é o mesmo. No mais, acho justo o comentário.