segunda-feira, 22 de junho de 2009

GP São Paulo - A minha história - parte 1

por Ricardo "Thorgrim" Mattana

Escolhendo o deck

A minha preparação para o GP São Paulo começa algumas semanas antes, quando fiz (finalmente) top 8 no último Classificatório da Comics, jogando de BW Tokens. Após ser completamente atropelado pelo 5cc do sandoiche, resolvi descartar o BW como opção de deck para o GP que se aproximava. Como eu iria jogar o GP com apenas um bye, não me agradava jogar com algo que possuía partidas muito complicadas contra decks como 5cc, Swans e Turbo Fog.

Como não pretendia jogar com o deck que eu mais joguei na temporada, só me restava pesquisar quais seriam as outras opções viáveis dentro deste novo ambiente que se formava após o GP Seattle.

Assim como a grande maioria dos jogadores, resolvi testar a lista de 5cb que levou o Michael Jacobs ao top 8 de Seattle, mas como muitos já haviam me alertado, a base de mana do deck era horrorosa e mesmo contendo ótimas cartas, o número de terrenos que entravam virados me desagradava profundamente.

Após desistir do deck do Jacobs, minha meta foi descobrir uma lista de Jund Cascade ou 4 colors Cascade que me agradasse. Testei algumas listas parecidas com o deck do Kyle Sanchez, abusando de cartas como Wrath of God e Naya Charm, além de listas de Jund Elves bem parecidas com a que o Nassif jogou em Seattle, mas assim como o deck do Jacobs, nada me agradou por completo.

Sempre tive noção de que o Faeries era uma ótima escolha, principalmente após o sucesso do Swans em Barcelona e após a presença de cinco Faeries no top 8 de Seattle, minha teoria foi confirmada. Porém, como nunca joguei com o deck, nem mesmo na temporada passada quando o deck era certamente o melhor do formato, resolvi seguir outras correntes que me levaram até o BG Elves.

O deck parecia perfeito para as minhas pretensões no GP São Paulo. Era um deck equilibrado, portanto uma boa opção para quem jogaria com apenas um bye; era a escolha do Saito e dos japoneses para esta temporada de GPs Standard; além de ser um deck que eu já estava acostumado a jogar, por causa da temporada passada.

Bastou jogar algumas partidas com o deck, que ficou bem claro que ele seria uma ótima opção em um ambiente, que eu acreditava ser – Faeries, BG Elves, BW Tokens, 5cb/Jund Cascade, além de um número considerável de Swans e UW Reveillark.

Após treinar diversas semanas com o Hugo, Rato e o Alex (Hurley) aqui de Alphaville e de passar um final de semana na casa do João Paulo treinando quase que 24hrs por dia com o Zé, o JP, o Pedrinho e o Felipe (BIGBOSS), pude tirar boas conclusões sobre o deck.

Sem esquecer, é claro, de todas as conversas que eu tinha diariamente com o Inglês e principalmente com o Rastaf sobre o deck e o provável ambiente do GP.

Sexta-feira e Day 1 do GP

Finalmente chegamos à sexta-feira, dia que serviria para conhecer o caminho e o local do evento, oportunidade para fazer a inscrição do GP, além de poder jogar alguns GP Trials e reencontrar diversos amigos de fora de São Paulo.

Minha participação no GP Trial foi bem discreta. Ganhei a primeira rodada de um UW Reveillark, a segunda de um WW Kithkins e perdi no top 8 para um UB Faeries. Não que a partida contra o Faeries seja ruim, mas após o GP, percebi que minha estratégia para lidar com o Faeries era falha – eu possuía cartas como Guttural Response para lidar com Cryptic Command, mas o que realmente me preocupava era a Mistbind Clique e a Sower.

Enfim, após conversar com alguns outros jogadores que iriam jogar de BG Elves no GP e ter uma noção maior de qual seria o ambiente do evento, cheguei à seguinte lista:

BG Elves (a.k.a Mattana Elves)

4 Treetop Village
4 Gilt-Leaf Palace
4 Llanowar Wastes
3 Forest
3 Mutavault
3 Swamp
2 Twilight Mire

4 Wren's Run Vanquisher
4 Putrid Leech
4 Llanowar Elves
4 Imperious Perfect
3 Civic Wayfinder
3 Chameleon Colossus
2 Cloudthresher

4 Thoughtseize
3 Maelstrom Pulse
3 Profane Command
2 Terror
1 Loxodon Warhammer

Sideboard
3 Kitchen Finks
3 Deathmark
2 Guttural Response
2 Puppeteer Clique
2 Primal Command
1 Maelstrom Pulse
1 Loxodon Warhammer
1 Cloudthresher

Minha memória não é muito boa e para facilitar, os papéis onde anotei os pontos de vida estão uma completa bagunça. O report das rodadas servirá mais para falar sobre que cartas fizeram a diferença durante o GP, do que um relato realmente detalhado sobre as partidas.

Primeira Rodada – *BYE* - Win 2-0 Total 1-0 (2-0)

Segunda Rodada – Caroline Silva (Doran) - Win 2-0 Total 2-0 (4-0)

A Caroline era uma mulher super simpática, mas assim como a maioria das mulheres que participam de torneios de Magic, veio para o GP mais para acompanhar o seu marido, do que realmente para competir, portanto devido sua inexperiência ambos os jogos foram bem tranqüilos.

Game 1 – Abro de mana Thoughtseize e vejo dois Dorans, Putrid Leech, Colossus e nenhuma fonte preta. Tiro o Colossus, faço um Putrid Leech e o meu próprio Colossus. Quando ela finalmente acha sua fonte preta através de uma Birds, já era tarde demais e a finalizo poucos turnos depois com um Profane Command.

Ano passado tive sérios problemas nos jogos contra Doran no GP Buenos Aires, mas esse ano com o surgimento de Pulse e cartas como Deathmark no Sideboard, a partida está longe de ser uma dor de cabeça.

Game 2 – Abro uma mão justa, com alguns elfos na curva e ela fica com uma mão muito duvidosa sem fonte verde. Poucos turnos depois, quando ela compra sua primeira fonte verde, já não havia nada a ser feito para controlar a horda dos elfos.

Terceira Rodada – Wendell Santini (UW Lark) - Loss 1-2 Total 2-1 (5-2)

Esta rodada foi um pesadelo para mim. Além de ser a rodada em que joguei o meu pior Magic. Durante os treinos para o GP, eu meio que tinha assumido que o confronto contra UW Lark era causa perdida e resolvi focar o sideboard em partidas que eu acreditava serem mais importantes e que seriam confrontos mais constantes durante o evento.

Em uma destas ironias do jogo, acabei enfrentando dois UW Lark durante o torneio e nenhum BW Tokens, que foi a partida que eu mais me dediquei nos treinos.

Game 1 – Mesmo tendo que optar por uma mão de apenas 5 cartas. Abro uma mão rápida com drops nos dois primeiros turnos, enquanto ele para no segundo terreno. Quando ele encontra o terreno que precisava, minha mesa já estava formada e o finalizo com um Profane Command.

Sidear contra UW Lark é mais um pesadelo. Cartas como Imperious Perfect e Colossus não são tão eficientes quanto gostaria, mas não posso abrir mão de todas por causa da Vanquisher. Spot removals como Terror e Pulse também não são as melhores respostas, mas necessárias para lidar com criaturas como Sower, Wall of Reverence e Muse. Enfim, era uma tragédia, até então, sem solução.

Game 2 – Eu abro razoavelmente bem, ele faz um Kitchen Finks, que segura um pouco do meu ímpeto. Alguns turnos à frente, faço uma Puppeteer Clique que me ajuda a lidar com um Clone e um Meadowgrain, que estavam em seu cemitério.

Porém, não compro nenhum Primal Command, o jogo fica sob seu controle e acabo perdendo para alguns ataques de Reveillark.

Game 3 – Se eu não me engano, sou obrigado a muligar novamente. Fico com uma mão não tão rápida quanto gostaria e após ele fazer uma Sower roubando uma Vanquisher, seguido de um Reveillark, nada mais podia ser feito.

Detalhe, que neste game 3, eu fiquei com um Guttural Response “preso” na mão o jogo inteiro, para depois ouvir que ele tirava todos os Comandos azuis pós-side. 

Quarta Rodada – Cassiano Franco Junior (BR Aggro) - Win 2-0 Total 3-1 (7-2)

O Cassiano é um jogador que conheço de longa data, portanto ambos os jogos foram muito amistosos. A partida contra o BR não é lá muito tranqüila, mas como sua lista não possuía Demigod, os jogos se tornaram muito mais fáceis do que deveriam ser.

Game 1 – Ele não vem com uma mão muito explosiva, nós vamos trocando algumas criaturas e remoções. Procuro administrar meus pontos de vida, pois sei que o late game normalmente está a meu favor e quando um Cloudthresher entra em jogo, o game está decidido.

Pós side o jogo tende a ser muito mais tranqüilo, já que entram cartas como Kitchen Finks, Primal Command, Puppeteer Clique e Loxodon Warhammer.

Game 2 – Mais uma vez ele não abre uma mão muito apelativa e vamos fazendo algumas trocas no começo do jogo, onde eu abro mão de criaturas em troca de pontos de vida.

Quando começo a entrar na red zone, resolvo um Primal Command buscando um Finks e dois turnos depois mais um Primal buscando outro Finks. Como ele comprou mais terrenos do que o necessário, o jogo termina e eu ainda possuo mais de 20 pontos de vida.

Quinta Rodada – Marcio F. Vasconcelos (BG Elves) – Win 2-0 Total 4-1 (9-2)

O Dicke é mais um jogador das antigas, que eu conheço desde os tempos de Merlin. Antes do jogo começar, eu já imaginava que ele estaria de BG Elves, pois tinha visto ele pedindo algumas cartas do BG na sexta-feira.

Game 1 – Assim como a maioria dos jogos contra BG, ambos jogadores vão trocando pontos de vida, criaturas e remoções, até a hora que uma Imperious ou Colossus consegue permanecer na mesa, fazendo com que o jogador assuma a postura de aggro.

No nosso caso, ele conseguiu colocar um Colossus e uma Imperious na mesa, enquanto eu possuía um Cloudthresher e um Warhammer. Após comprar um Terror para me livrar da Imperious, pude trocar o Cloudthresher pelo Colossus e garantir que meu Warhammer ganhasse o jogo para mim.

(Detalhe que neste game, ele abriu de Thoughtseize tirando o meu Colossus da mão, mas deixando o Warhammer. Ele não conseguiu comprar o Pulse para lidar com o hammer e o jogo foi decidido desta forma.)

Game 2 – Abro com uma mão muito boa. Gasto 3 Deathmarks para lidar com uma Vanquisher, uma Imperious e um token de Garruk respectivamente. Consigo fazer com que uma Imperious permaneça na mesa e acabo ganhando após lotar o meu lado da mesa de criaturas, sem que ele pudesse reagir.

Sexta Rodada – Axel Klipphan (Jund Ramp) - Win 2-0 Total 5-1 (11-2)

Axel seria o primeiro de vários argentinos que eu enfrentaria durante o evento.

Game 1 – Demorei para descobrir do que ele estava jogando. Primeiro pensei que era mirror match, depois imaginei que era um Jund Cascade, mas quando ele resolveu um Rampart Growth, ficou claro que era um Jund Ramp.

Começo fazendo algumas criaturas, jogando ao redor de cartas como Fallout e Jund Charm, enquanto ele demora alguns turnos para achar sua fonte de mana vermelha. Quando ele finalmente consegue encontrar, já possuo um Colossus e alguns Putrid Leechs que me dão a vitória.

Não sabia exatamente como era a lista dele e o que poderia aparecer de diferente. Entrei com o quarto Pulso, pois serviria de remoção para qualquer bichão bizarro que aparecesse, com Puppeteer Clique e com Primal Command para buscar ela ou o Colossus e retardar um pouco seu jogo.

Game 2 – Começo bem agressivo, enquanto ele apenas vai buscando terrenos. Resolvo um Colossus e vou agredindo até ele chegar aos 13 pontos de vida.

Eis que ele vira sete terrenos e desce KARRTHUS, TYRAND OF JUND, roubando o meu Colossus e virando o jogo por completo. Por sorte, no turno seguinte eu possuía mana suficiente para fazer um Pulse matando o dragão e resolver uma Puppeteer para selar o jogo. Grande jogada!

Sétima Rodada – Celso Zampere Junior (BG Elves) - Win 2-1 Total 6-1 (13-3)

Na sexta-feira eu tinha visto de longe o Celso, juntamente com o Willy e o bolovo discutindo algumas opções para o BG Elves, portanto imaginei que ele estaria também de Elfos, sendo então o segundo mirror do dia.

Game 1 – Vamos trocando algumas criaturas, até ele conseguir fazer com que uma Imperious fique na mesa. Desta forma, meus pontos de vida foram abaixando rapidamente e depois de eu conseguir estabilizar o jogo através de uma remoção na Imperious, ambos entramos no “top deck mode”. Ele compra o Profane antes de mim e ganha o jogo.

Game 2 – Não lembro muito bem desta partida, só sei que consegui vir mais agressivo que ele, resolvo alguns Pulses estratégicos, mas em compensação perco 2 Colossus por causa da Snaneform. Um dos Colossus retorna ao jogo através de um Profane e alguns turnos depois, com a mesa ao meu favor, ganho o jogo.

Game 3 – O jogo vai fluindo normalmente até a hora que eu resolvo um Pulse matando 2 Llanowars, fazendo com que ele ficasse bons turnos com apenas dois terrenos na mesa.

Posteriormente, ele começa a comprar terrenos, mas minha mesa já está formada e quando eu consigo encaixar minha segunda Imperous, o jogo é resolvido ao meu favor.

Oitava Rodada – Gonzalo Ferrari Spampinato (BG Elves) - Loss 1-2 Total 6-2 (14-5)

Essa rodada foi totalmente anticlimática.

Game 1 - Sou obrigado a muligar para quatro, dando keep em uma mão com uma filter land e 3 cartas e perco rapidamente sem que ele saiba qual é o meu deck.

Game 2 - Venho normal e consigo ganhar tranqüilo, graças também ao fato dele não ter feito as alterações corretas para este tipo de partida.

Game 3 – Muligo novamente, mas desta vez para cinco e não consigo passar do segundo terreno e poucos turnos depois, o jogo estava decidido.

Nona Rodada – Leonardo Giucci (BG Elves) - Win 2-1 Total 7-2 (16-6)

Esta rodada foi tomada pela tensão, pois precisava ganhar para conquistar uma vaga no segundo dia do evento. Mesmo muito nervoso, permanecia confiante, pois minhas únicas duas derrotas do dia haviam sido para um bad matchup e para um jogo onde não havia a nada ser feito.

Game 1 – Pego o meu quarto mirror do dia e o jogo vai fluindo assim como os outros mirrors. Consigo deixar ele com um ponto de vida, mas ele assume o controle do jogo através de um Colossus que poderia ficar 16/16, vou jogando alguns goleiros na frente, esperando comprar um dos Profane Commands ou Cloudthreshers do deck. Alguns turnos se passam, não compro nenhum dos dois e perco para o Colossus.

Game 2 – Ele resolve dar keep em uma mão de um terreno, enquanto venho com uma mão curvada de Llanowar, Vanquisher, Imperious e Colossus. Poucos minutos depois já estávamos embaralhando rumo ao terceiro e decisivo game.

Game 3 – Abro uma mão bem forte, vamos fazendo algumas trocas (Quando eu digo trocas é tipo Vanquisher por um Terror, Imperious por um Deathmark, Civic por Mutavault, etc), até a hora que eu consigo fazer com que 2 Colossus entrem na mesa.

Ele também consegue fazer um Colossus, mas em um momento crucial do jogo, ataco com os meus 2 e consigo fazer com que um deles cause 8 pontos de dano em um único ataque. Turnos depois venço através de um Profane Command.

Esta será a primeira parte do artigo, contando como foi minha participação no GP São Paulo 2009, no decorrer da semana publicarei a segunda parte, contando como foi o meu segundo dia e considerações finais sobre o evento e sobre o deck.

Queria agradecer a todo mundo que continua prestigiando o blog, com tantos eventos importantes seguidos e com minha vida profissional e pessoal passando por mudanças, está sendo difícil escrever com a mesma freqüência de outras épocas.

Boa semana a todos e até a próxima!

6 comentários:

Unknown disse...

Queria lembrar das minhas partidas assim, sahushuausha.

O BG realmente era uma escolha muito sólida para o GP, assim como o BW, Eu escolhi o BW por estar mais acostumado com o deck. Acho que nao mudaria o deck se pudesse escolher de novo.

Bom report, faz logo a segunda parte aí...

Ingles

Eduardo Borges disse...

congratz denovo pelo money finish :)

João de Campo Grande disse...

Como sempre, ótimo report. Bem-escrito, detalhado...
Parabéns, no aguardo da segunda parte!

CASE disse...

Pow eu joguei contra esse Axel Klipphan o round 5... foi ele que flw Oh MIERDA, apos pegar o Thornling pra ler... Huahauhaua
e na volta eu ter equipado ele com a Loxodon
Aahauhauah

Mais é isso ae vei... Quero ver logo a segunda parte

Luiz Mussa disse...

Quinta feira e kd o Mastigando?

ErtaiTheMage disse...

Otimo report Thorgrim. Uma excelente leitura.
Continua assim.

Abraço,

Ertai.