sábado, 26 de julho de 2008

Treinando para o GP Buenos Aires

Apesar de já fazer um bom tempo que o GP foi realizado e no momento o formato mais falado é o Block, resolvi escrever um texto contando como foi minha rotina de treinos para o GP Buenos Aires e quais os benefícios que os treinos podem trazer para o resultado final dentro de um campeonato.

Sempre quando se aproxima um campeonato importante como um GP, surgem dois desesperos em minha cabeça: qual deck jogar e qual lista utilizar.

Nunca fui muito fã de inventar decks, sempre me pareceu mais sensato apostar nos decks que estão no topo e pertencem ao chamado tier 1. Portanto algumas semanas antes de Buenos Aires, baseado no resultado recente do PT Hollywood, o tier 1 era composto pelos seguintes decks: UB Faeries, BG Elves, UW Merfolk, UWr Reveillark e RG Mana Ramp.

Além destes decks existiam outros dois, que apesar de não conquistarem tantos resultados como os mencionados, mereciam atenção e obviamente tinham potencial, são eles: Tarmofolk (Doran) e o Quick ´n´ Toast dos franceses.

Resolvi descartar de cara o Doran e o Toast, pois nunca tinha jogado com ambos os decks e me restava pouco tempo para treinar para o evento na Argentina.

UWr Reveillark

Jogar com um deck combo e que tinha um match muito complicado contra o UB Faeries e o UW Merfolk não estava nos meus planos, portanto foi prontamente descartado.

RG Mana Ramp

A combinação de cores sempre me agradou e era um deck que eu havia jogado bastante também, porém ele possuía dois defeitos: não ganhava de jeito nenhum de UWr Reveillark e não tinha um match tão sossegado contra UB Faeries como eu pretendia, portanto descartado.

UW Merfolk

Semanas antes do GP Buenos Aires, na reta final dos Regionais no Brasil, o deck estourou e parecia ser o melhor do Standard. Jogadores razoáveis estavam conquistando bons resultados com o deck, porém ele não tinha um match nada bom contra o BG Elves. Como o vencedor do PT Hollywood tinha jogado com o deck, era certeza que ele iria aparecer em bando no GP, portanto UW Merfolk descartado.

UB Faeries

Provavelmente o melhor deck do ambiente, porém o Stalker (que compartilha as cartas comigo) já iria utilizar o deck, então tive que descartá-lo também. De qualquer maneira, não me agradava muito o fato do mirror match ser apenas sorte.

BG Elves

O BG Elves possuía em sua bagagem a conquista do último PT Standard e era um dos decks que eu mais tinha jogado na temporada de Regionais, conquistando inclusive um Top 4 em Rio Claro e um nono lugar no último Regional da Devir.

Outro fator importante que me fez escolher o deck, foi o fato dele não ter nenhum match impossível, como os outros decks possuíam. Tá certo que os matchs conta o RG Mana Ramp e UWr Reveillark, não me agradavem por completo, porém o deck me parecia equilibrado para a selva que seria o GP com apenas bye 1.


Independente da minha escolha, uma dica para quem optar por uma build própria, totalmente diferente dos decks do tier 1, é jogar contra todos os decks acima. Apenas após enfrentar todos os decks do primeiro escalão, que você descobrirá se sua invenção realmente fará sucesso.

Após ter escolhido o deck, faltava definir minha lista. Como base peguei a lista do Charles Gindy, vencedor do PT Hollywood, e após os treinos iria fazer algumas alterações pessoais até chegar à lista ideal para o ambiente atualizado.

Treino nem sempre significa quantidade e sim qualidade. Não adianta nada você jogar cem vezes contra o seu colega de equipe, que comete uma série de erros com aquela lista torta de UB Faeries e achar que teu deck ganha fácil de qualquer Faeries que você enfrentar durante o campeonato.

Lembro até hoje de um Artigo do Frank Karsten, onde ele dizia que o ideal para um treino seria jogar quatro partidas pré sideboard e depois seis partidas pós sideboard contra os principais decks do ambiente.

É preciso tomar muito cuidado com quem você está treinando e com qual lista teu oponente está utilizando, para você não criar uma falsa ilusão e ocorrer tudo errado durante o evento. Não vale depois sair culpando o deck e o azar durante os jogos pelo resultado ruim.

O ideal sempre é, na hora de treinar, enfrentar jogadores que tenham o mesmo nível que você, ou de preferência, que joguem melhor e estejam com listas “clássicas” dos decks, pois serão elas que você provavelmente irá enfrentar.

No meu caso, tomei como base as listas que tinham obtido os melhores resultados no PT Hollywood, que foi o último grande campeonato Standard pré GP Buenos Aires.

A vantagem de ter tempo sobrando para jogar diversas partidas com o deck é que você pode testar várias listas, variar as estratégias durante o jogo e não precisa se prender tanto a lista inicial de testes.

Não se esqueça de pesquisar quais techs que o pessoal poderá usar contra o seu deck. Não é por que a lista clássica de Reveillark não utiliza Wrath of God main deck, que você irá descer todas as suas criaturas de uma só vez.

Após você treinar contra os principais decks do ambiente e pesquisar as principais cartas que seus oponentes poder utilizar contra seu deck, você se sentirá mais confortável e preparado para alterar a lista inicial e acrescentar suas próprias techs.

Voltando ao meu caso em Buenos Aires, após jogar infinitas partidas contra os principais decks, viajei para a Argentina com o seguinte pensamento: O deck possuía um good matchup versus Merfolk, a lista estava preparada contra um possível Mirror e eu tinha um plano de jogo sólido contra Faeries e Reveillark. Portanto o calcanhar de Aquiles do deck seria o RG Mana Ramp.

Segue a lista que viajou comigo (Clique na imagem para aumentá-la):



Como o texto é para falar mais sobre os treinos e como eles influenciam no resultado final de um campeonato, não entrarei com muitos detalhes sobre as partidas do GPT e do GP.

Na sexta-feira pré GP, resolvi colocar o deck em ação no GPT e por pouco não consegui o bye 3. Acabei sendo derrotado no Top 4 para um RG Mana Ramp, após ganhar de dois UB Faeries e um Mono White Martyr. Mesmo não conseguindo o bye 3, fiquei confiante com o deck, pois os treinos contra o UB Faeries já começaram a render bons frutos e acabei perdendo para um deck que era o meu pior matchup, tudo dentro do normal.

Durante o GP, o deck se saiu da seguinte forma:

Rodada 1: BYE
Rodada 2: UB Faeries 2x1
Rodada 3: Quick´n´Toast 1x2
Rodada 4: RG Mana Ramp 2x0
Rodada 5: UWr Reveillark 2x0
Rodada 6: UB Faeries 2x0
Rodada 7: Tarmofolk (Doran) 0x2
Rodada 8: Project 465n 2x0
Rodada 9: UW Merfolk 2x0
Rodada 10: UWr Reveillark 1x2
Rodada 11: UB Faeries 0x2
Rodada 12: Tarmofolk (Doran) 0x2
Rodada 13: RG Mana Ramp 2x1
Rodada 14: RG Mana Ramp 2x0

Como podem ver, apesar do RG Mana Ramp ser o meu pior Matchup, terminei o campeonato invicto contra ele, conquistando três vitórias. Tal resultado me deixou muito feliz, pois assim como havia pensado antes do torneio, até o calcanhar de Aquiles do deck não era um dos piores pesadelos.

Outro match complicado era o UWr Reveillark, porém consegui ganhar de um e o jogo que eu perdi foi devido a desatenção. Aliás, durante o campeonato inteiro os únicos jogos que eu perdi o foco, vamos assim dizer, foi durante a décima rodada e a décima primeira. As outras derrotas realmente não tinha muito que fazer.

Fiquei um pouco decepcionado com o meu resultado versus o Tarmofolk (Doran), apesar de ter sido um dos matchs que eu menos treinei, mas não sei até que ponto esse fato influenciou nas derrotas. De qualquer maneira, acho que o match em si é muito complicado, lembro de ter conversado com um dos caras que me derrotou e ele disse que no Peru, os BG Elves estavam jogando com Deathmark no SB para segurar o Doran.

De uma maneira geral, os treinos me ajudaram muito a bolar um plano de jogo mais sólido contra os meus piores matchs e a entender o side in/side out ideal contra os principais decks do Ambiente.

Terminei o GP na 45º colocação, fazendo 9-5 no suíço. Por ser meu primeiro GP, sai de lá muito satisfeito e a oportunidade de jogar o Day 2 foi algo muito satisfatório para mim. Enfrentar jogadores de um nível tão alto ajuda muito meu Magic a crescer.

Que venham agora os treinos para o FFA no começo de Setembro e que eles resultem na minha tão sonhada classificação para o Nacional. Espero que o texto tenha mostrado para vocês como treinar é muito importante e faz toda a diferença.

Boa semana a todos e até a próxima!

4 comentários:

Ederson disse...

Muito bom esse texto.
Nunca tinha me dado conta que treinar é tão importante assim.

:: Diego Ghiggi disse...

Ótimo artigo!
Continuem assim ;D

Anônimo disse...

Me senti "atacado" duas vezes mas blz, o artigo está bom.

Ricardo Mattana disse...

Juro que não entendi onde você foi "atacado".

Se estiver falando do parágrafo sobre o Merfolk, fala sério, né?

Obvio que não falei de você, mas que tinham muitos jogadores medianos mandando bem com o baralho isso é fato. Sinal de que o baralho é muito bom e "perdoa" alguns erros dos pilotos. hehe

Agora não consigo imaginar em qual outra situação do Artigo você se sentiu atacado, já que o texto era para falar da minha metodologia de treinos para o GP. =[

Abraços Mironga!! Relax...