terça-feira, 2 de setembro de 2008

Entrevista: Paulo Ricardo Cortez


por Ricardo "Thorgrim" Mattana

O segundo a ser entrevistado pelo blog, foi o Paulo Ricardo Cortez, um dos favoritos a fazer parte da seleção e representar o Brasil no Mundial. Espero que vocês gostem da entrevista, me diverti muito com ela e aprendi muitas coisas, valeu Paulo.

Desculpe se ando demorando para atualizar o blog, mas os treinos andam consumindo muito o meu tempo. Depois do FFA/Nacional devo ter mais tempo livre para escrever.


Thorgrim:
Primeiramente, gostaria de agradecer por conceder essa entrevista aqui para o nosso blog.

Paulo: Que isso, obrigado você.

Thorgrim: Antes de qualquer coisa, fale seu nome, idade e o que faz fora do Magic.

Paulo: Bem, meu nome é Paulo, tenho 19 anos e faço cursinho pré-vestibular.

Thorgrim: Como você conheceu o jogo?

Paulo: Eu conheci o jogo quando eu tinha 13 anos, se não me engano na minha escola, primeiro não dei bola e dei risada porque eu odiava esse tipo de jogo.

Então cheguei na casa da minha tia e meus dois primos, que andavam bastante junto comigo, compraram um pré montado de Investida. Acho que minha primeira reação foi rir deles, depois perguntar como jogava e bem, aqui estou hoje!

Thorgrim: Desde quando que você joga competitivamente?

Paulo: Acho que desde dois anos pra trás no máximo, por volta de 2006. Acho que a dimensão de como o Magic é grande, é meio difícil de ser notada, mas quando você percebe é meio inevitável tentar entrar no lado competitivo.

Thorgrim: Para quem não te conhece, fale um pouco sobre seus principais resultados.

Paulo: Bem, eu não sei o que conta ser bom resultado, então vou falar os que eu fiquei relativamente feliz com. Acho que tirando Top 8 em Regional foram 5 Top 8 em PTQ, o Money finish no GP que valeu como experiência e os únicos campeonatos em que eu cheguei a ganhar foram o Pré Release de Future Sight e o GPT Buenos Aires.

Thorgrim: E os resultados desta temporada estão sendo satisfatórios ou você esperava mais?

Paulo: Eu acho que todo mundo espera mais quando não ganha. Sinceramente, pra mim esse ano foi um desastre. Como disse Augusto dos Anjos em um dos seus poemas: “minha companheira inseparável é a pantera da ingratidão”.

Acho que me dediquei extremamente pro jogo levando ao limite de seriedade, me foquei em um objetivo e não consegui tirar ele da cabeça. É triste perder Top 8 em PTQ, depois de um certo tempo você fica repensando no que errou, no que deixou de treinar, porque os outros ganham e você não.

Uma frase que eu disse pro Cenora resume muito bem essa ânsia de ganhar um PTQ. Certa vez, estávamos conversando e resumi minha vontade de ganhar o PTQ à mesma de um virgem querendo perder a virgindade - você corre atrás de todas as possibilidades pra isso, na sua cabeça só existe isso e enquanto você não faz você não sossega.

Acho que se levar em conta apenas Top 8 de PTQ nessa temporada eu fui relativamente bem, de 3 formatos (selado de Lorwyn, Extended e Block Constructed) fiz Top 8 em dois dos formatos e Top 16 em todo o resto dos PTQs menos um em Porto Alegre onde fui bem mal.

Thorgrim: Como é sua rotina de treinos quando se aproxima um campeonato importante?

Paulo: Acho que uns dois meses antes eu começo a jogar todo dia o formato do próximo PTQ. No máximo um mês antes acho que jogo em média 6 horas por dia nos dias de semana fora o tempo que você passa discutindo Magic. Eu acredito que a força de vontade supera qualquer talento, acho sim que alguns tenham facilidade, o que não me impede de compensar isso com horas a mais de treino.

Alguém pra treinar com você é a peça chave do treino, de preferência alguém melhor que você. Eu acho que tive muita sorte porque muitos bons jogadores me ajudaram muito com isso. O Bertu é um cara extremamente dedicado, com o mesmo pensamento que eu, acho uma pena ele diminuir o ritmo nesse último tempo em função do trabalho e da faculdade.

Ele tem foco, objetivo e método de treino, o que sinceramente, não acredito que mais ninguém tenha. Não é pegar e sentar e ficar jogando Magic por 5 horas sem objetivo, é treinar cada match, cada possibilidade de sideboard, anotar os resultados e ter coragem de descartar deck, coisa que muita gente não tem e acaba se iludindo e fantasiando que o deck é bom para não ter que perder tempo de novo revisando todos os matches com um novo.

Evoluí treinando com ele em cada PTQ, o que eu acho que outra pessoa não poderia ter evoluído sem esse tipo de treino e consegui perceber o quanto evoluí, isso é o que gosto.

Ultimamente o PV vem me ajudado muito também, porque acho que é a primeira vez que os formatos dele batem com os formatos dos campeonatos brasileiros na mesma época.

Meu primeiro top 8 em PTQ foi com a lista dele de Gifts Rock que ele me deu depois de ganhar esse PTQ (o report dele pode ser lido aqui http://www.ligamagic.com.br/?view=forum/mensagem&id=29990), ele me ensinou tudo e me passou tudo, algo que eu acho extremamente difícil alguém fazer hoje em dia.

No ultimo PTQ Extended ele me deu a lista de Previous Level Blue antes mesmo do deck se tornar conhecido. Ele tem um jeito diferente de jogar Magic, eu não consigo explicar, para ele tudo e mais fácil e óbvio e ter qualquer ajuda dele é muito importante, aprendi muito com o jeito que ele teoriza as coisas sem jogar, é tipo o House, ele fala algo, agente discorda, então agente treina e descobre que ele está certo.

Não quero desmerecer o resto do canal da #mtg.br que quase sempre acaba se unindo, um especial aqui pro Shooter porque acho que ele é outro que acaba sempre me ajudando na escolha de decks pros campeonatos.

Thorgrim: Qual seu formato preferido e por quê?

Paulo: Olha, é difícil eu falar meu formato favorito, mas gira entre dois que são bem distintos um do outro: Block Constructed e Extended. Eu gosto de Block porque as cartas ruins viram boas e normalmente a quantidade de deck é limitada, o que facilita o treino e gosto de Extended, pois acho que é um formato onde se é possível inovar e que a análise de ambiente é vital.

Odeio Limited, pois acho que o formato chega uma hora que o mesmo conhecimento que você tem, todo mundo tem. Os picks se tornam mecanizados, todos sabem o que fazer e que carta é melhor que o que.

Thorgrim: Existe algum deck que você tenha jogado, que lhe trás boas recordações?

Paulo: Acho que todo deck me trás algum tipo de recordação boa, mas dois são os principais. Gifts Rock, por que foi o primeiro deck que eu fiz top 8 em um PTQ, é um deck complexo e cheio de escolhas, gosto muito da mecânica do deck então sempre que possível jogo com o deck.

O segundo deck é o Pickles do Block Constructed, pois acho que foi nele que eu vi que melhorei no jogo. Ele marcou muito a fase de começar a se dedicar de verdade ao jogo, me rendeu um Top 8 e um Top 4 em PTQ, então ele também está na lista.

Thorgrim: Qual foi a partida mais emocionante para você dentro de todos estes anos de Magic?

Paulo: Sabe que eu nunca parei pra pensar nisso, mas lembrando de cabeça acredito que minha partida mais emocionante foi no ultimo PTQ Berlim, Block Constructed. Ultima partida eu peguei o Jonais que é bastante meu amigo, ambos 5-1, e ele não podia dar ID. Tivemos que jogar, comecei perdendo o jogo, ganhei a segunda e na terceira partida eu virei um jogo que não consigo explicar muito bem como.

Ele começou terreno vai, terreno Bitterblossom assim como eu, então ele fez um WISPMARE no seu terceiro turno, e eu descobri que o UB Faeries dele tinha Wispmare para o mirror match. Minha segunda spell foi um Cryptic Command na Bitterblossom dele no quinto turno, encaixei uma Scion of Oona no momento certo com uma Spellstutter de backup e depois comecei a bater com meus Mutavaults. Acho que joguei muito bem esse jogo.

Thorgrim: Além deste lado competitivo, quais outros fatores te atraem no Magic?

Paulo: Acho que o que mais me atrai no Magic é o fato de poder viajar. Não lembro quem me falou uma frase que guardo até hoje "Magic é uma excelente desculpa para gastar dinheiro quando normalmente você não teria". Acabei conhecendo grande parte do Brasil pelo Magic, o que eu acho fantástico, tudo com o pensamento de que posso recuperar esse dinheiro se ganhar o PTQ.

Enquanto o fim de semana dos meus amigos é ir pra praia em Ubatuba, o meu é ir pra Porto Alegre passando um tempo em Florianópolis com meu inseparável companheiro de viagens que é o Brunilsks.

Thorgrim: Qual a principal diferença entre jogar IRL (In Real Life) e pela internet?

Paulo: Bem, jogar IRL é legal e jogar na internet é muito chato. Mas acho que para treinar eu sinceramente prefiro a internet, não sei por quê. Não tenho o mesmo pensamento de quase todo mundo que IRL é melhor, mais produtivo, ou qualquer coisa do gênero.

IRL você perde tempo embaralhando, falando, você acaba inevitavelmente mudando de assunto, tomando cerveja, esquece do treino, um desastre. Na internet é tudo mais rápido, trocar de sideboard, embaralhar, qualquer duvida você entra em algum site e procura algo, é simplesmente mais jogos com a mesma qualidade em menos tempo.

E também tem o diferencial de poder jogar com pessoas que moram muito longe.

Thorgrim: Qual o impacto de Eventide no ambiente Standard?

Paulo: Acho que gigantesco simplesmente pelo Figure of Destiny. Você tem que descartar muita coisa do que você treinou antes de Eventide, seja para o FFA ou para o Nacional, porque agora o Mono Red é o deck dominante.

Thorgrim: Você possui alguma superstição quando vai jogar algum torneio?

Paulo: Nossa, eu tinha MUITAS, muitas mesmo, acho que hoje em dia não tenho nenhuma. Vou falar pra vocês darem risada: Eu sempre sentava de frente pro relógio, não pra ver o tempo mas porque me dava sorte. Se o campeonato não tem um relógio eu procurava sempre sentar na mesma posição que sentei o jogo anterior se eu ganhei aquele jogo.

Sempre deixava a mochila do lado direito, sempre cortava o deck do meu oponente em cinco, sempre pegava a slip pra eu guardar e a mais importante: nunca comia durante o campeonato.

Bem, eu naturalmente não consigo comer enquanto jogo Magic, mas isso me marcou muito pois quando fui jogar o GP Porto Alegre eu tinha uns 14-15 anos e era a primeira vez que eu tinha viajado pra jogar sem entender a dimensão do campeonato, e eu abri 4-1 sem byes, era ganhar mais uma, empatar e day 2.

Então eu comi uma bolacha, maldita bolacha, e perdi. Fiquei com isso na cabeça até hoje, mas normalmente não como porque odeio jogar com a barriga cheia, apenas bebo coca. Mas vocês vão me ver sempre cometendo uma ou outra dessas manias.

Thorgrim: Para este Nacional, os treinos têm rolado tanto quanto você gostaria?

Paulo: Eu acho que não tanto quanto eu gostaria, mas mais do que eu esperava. O fato do Bertu estar trabalhando simplesmente derrubou meus treinos em todos os sentidos, mas nessas ultimas semanas parece que o pessoal começou a se empenhar bastante, os treinos estão fluindo muito bem, eu to gostando bastante de treinar com o PV, o Bertu e o Shooter para esse Nacional.

Thorgrim: Aqui no nosso Nacional, os dois drafts serão de Shadowmoor e Eventide, enquanto em outros países tivemos também o draft de Lorwyn e Morningtide. Tal decisão lhe agrada?

Paulo: Nossa! Isso me desagrada profundamente, mas é por um motivo egoísta. Triplo de Lorwyn foi o limited que eu mais treinei na vida junto com o Walter de Porto Alegre, pois eu realmente queria ir bem naqueles PTQs e que eu me dediquei, então queria muito ter Lorwyn pra jogar no Nacional, mas apenas por isso. Teoricamente quanto menos formato melhor, pois são menos formatos para se treinar.

Thorgrim: Como é jogar um campeonato com dois formatos distintos? Existe uma preparação psicológica especial, para se desligar de um formato e voltar sua atenção para o outro dentro das rodadas?

Paulo: Bem, eu não gosto, pois precisa de mais tempo para se treinar. Acho que facilita um deles ser Limited porque acredito eu que teorizar no Limited é mais valorizado do que no Constructed, o que poupa tempo.

Thorgrim: Você se sente mais preparado para as rodadas Standard ou para os drafts?

Paulo: Meu instinto seria falar para as rodadas Standard, mas seria uma mentira. O ambiente está muito aberto, a porcentagem do total dos decks em outros nacionais é muito parecida, o que torna a escolha do deck mais difícil. Até hoje, dia 02, me sinto mais preparado para os drafts, mas acredito que até o dia do campeonato vai mudar para o Standard.

Thorgrim: Na sua opinião, quais os favoritos para ganharem as vagas para a seleção brasileira este ano?

Paulo: Bem, para ser sincero acredito que alguém do meu grupo de treinos vai ganhar a vaga, e depois outro grupo de treino que eu vejo estar forte é o dos paulistas.

Thorgrim: Você possui algum conselho para quem pretende jogar competitivamente no Brasil e almeja jogar o Nacional?

Paulo: Acredito que se você deseja se tornar um bom jogador, você acaba inevitavelmente abrindo mão de muita coisa, suas amizades começam a mudar naturalmente e fins de semana no PTQ ao invés de estar na praia vão estar ao seu lado. Treine bastante, tente treinar com pessoas que você considera melhor que você, as escute, acho isso muito importante.

Acredito que lá na frente o Magic te recompensa, é só ver o PV. As viagens para jogar PTQ são muito fodas, principalmente quando você sai do seu Estado. Imaginem as viagens para se jogar um Pro Tour.

Thorgrim: Deixe um último recado para nossos leitores

Paulo: Se você gosta de Magic não tenha medo de tentar algo mais competitivo, as viagens para jogar são coisas que você não conseguiria em outro lugar. Queria agradecer a entrevista por ter uma chance de pelo menos dizer que sou agradecido a todos que me ajudam.

Thorgrim: Obrigado novamente pela entrevista

18 comentários:

xiko disse...

naice interview

Eduardo disse...

entrevista legal, pena o thorgrim ser burro e n saber escrever :P
hsuahsuahsuhaushaus

c u all in nats :D

Walter Perez disse...

Bom, eu acompanhei a trajetoria do nosso querido boliviano durante algum tempo, e fico comovido pelo seu empenho, eu queria bastante q ele ganhasse um PTQ ae pq acho q eh um dos players q mais merece junto c o Shooter. Nice entrevista thorgrim, o gordinho mais feliz do brasil =P

:: Diego Ghiggi disse...

Ótima entrevista!

Um dia eu voltarei a jogar com vocês, bibas do meu coração.

Tiago Nhoque disse...

Muito boa entrevista...
Espero que os treinos te tragaum bons resultados e pare de bater na trave...

Unknown disse...

Gostei muito das respostas.. eh foda so bater na trave, mas melhor que nada.. top8 ja eh um bom motivo pra tentar outra vez, e jaja c xega la tte! fica ai a torcida, e a previsao, tte top4 natz!!

Anônimo disse...

Como esse paulo é mau agradecido, nem citou o presidente do fã-clube dele. Se continuar assim vou ter que parar de torcer pra vc.

Unknown disse...

Gostei, mas podia ter sido outra com o batutinha né

Unknown disse...

tte eh um bom jogador
soh precisa ser mais humilde
dai ele começa a ganhar no top 8 =D

Anônimo disse...

maravilhoso!

Tadeu disse...

top8 certo!

Anônimo disse...

sandoiche

Jah q eu nao ganho props nem ao menos uma citaçao, vou postar soh pra te ajudar a ter mais coments q o byetutinha....

Anônimo disse...

Só achei que ficou muito grande.
E começar com uma foto sua sucks! Eca!!

HAhahahha


Flw Paul0.. Boa sorte no Natz^^

Anônimo disse...

o paulo é gay, nem citou meu nome, mesmo eu torcendo pra ele sempre nos campeonatos :/

mas ele sabe q ele e o shooter sao os mlks q eu mais quero ver ganhando alguma coisa nessa porra de jogo :D

Anônimo disse...

e ficou super gay essa "citação de augusto dos anjos" aí hahah

Anônimo disse...

paulo mascarado,, soh reclama!

Anônimo disse...

Muito boas as entrevistas nesse blog... Sempre muito profundas (ui!). Parabéns, Thorgrim!!!

Paulo, vem aqui pra Bahia para uma mãe-de-santo jogar uns búzios pra você antes dos PTQs.

Anônimo disse...

Parabéns pelo excelente trabalho com o Blog. Por favor continuem.