segunda-feira, 3 de novembro de 2008

De olho no Selado

por Ricardo "Thorgrim" Mattana

sta semana deixarei de lado minha série sobre os fragmentos de Alara para escrever um pouco sobre as minhas impressões do selado até o momento. (Para quem vem acompanhando a série, prometo escrever os três últimos textos até o dia do primeiro PTQ aqui no Brasil.)

Confesso que sou um pouco preguiçoso para treinar selado. Agrada-me muito mais jogar infinitos drafts, já que o formato me permite forçar cores, variar estratégias, apostar em combos, sem contar a sua própria velocidade. Porém, como nem tudo são flores, tenho treinado bastante selado também através dos minis e trials que surgem na Magic League e das pools que eu tenho visto nos Reports dos jogadores que jogaram o GP Kansas.

Como muitos já devem ter percebido, o selado de Alara é um formato bem mais lento que o draft e uma estratégia voltada para um 5c com diversos Obeliscos torna-se bem mais viável. Porém normalmente você acabará jogando com um dos cinco fragmentos da série ou com duas cores principais e mais dois splashes, focando alguma remoção ou bomba de outra cor, além, é claro, de potencializar as suas mágicas que possuem cycling.

Quando vocês forem abrir a pool de cartas no PTQ, irão perceber que há três tipos de decks que vocês poderão montar:

1 – Uhulll tenho uma bomba!

Esse é o deck que todo mundo que for jogar o PTQ gostaria de abrir. Um deck com bombas sempre gera aquele conforto, de que uma hora ou outra a sua bomba irá cair na mesa e o jogo será decidido. Porém, como o Jabaiano disse, uma bomba é que nem um craque no futebol - é importantíssimo que tenha um no time, mas ele não ganha um campeonato sozinho.

A bomba pode até decidir um jogo para você, mas é uma pool equilibrada, consistente e bem curvada que irá te levar ao top 8, fazendo com que você entre na briga pelo caneco.

Portanto, comemore sua bomba, mas não perca o foco na hora da montagem do deck. Trabalhe muito bem sua curva de mana, quais as principais interações de cartas que aparecem na sua pool e tente bolar uma estratégia para proteger sua bomba, garantindo que ela sempre gere problemas ao seu oponente quando entrar na mesa.

2 – Não tenho nenhuma bomba, mas meu deck atropela tudo que vê pela frente!

Uma situação comum ao abrir sua pool de cartas, é surgir em sua mão um deck que não apresenta nenhuma bomba como um dos dragões, Empyrial Archangel ou até mesmo algum dos Ultimatos, mas uma quantidade razoável de criaturas exalted ou de custo dois. (Para quem ainda não percebeu, essa edição apresenta uma série de bears bem interessantes e repletos de potencial)

Quando surge um deck desses em sua mão, o melhor a ser feito é montá-lo o mais agressivo possível, tentando focar em apenas um fragmento, para evitar que o jogo se estenda muito e comece a entrar na mesa prováveis bombas de custo sete ou mais que o seu oponente possa ter.

Ao focar esta estratégia, muito provável que você esteja de Naya ou Bant. Salve raras exceções, o melhor a ser feito é se manter em apenas um fragmento, para evitar que possíveis zicas de alguma cor atrapalhem sua estratégia inicial e seus drops 2 e 3 acabem tendo que entrar na mesa apenas nos turnos seguintes.

3 – Socorro!!! Meu deck não tem bombas e não é nem um pouco agressivo.

Outra situação que pode acontecer é você abrir uma pool que não apresenta nenhuma base agressiva o suficiente e ainda por cima não tem nenhuma bomba.

Nesse tipo de situação, o primeiro passo é não se desesperar e ficar xingando seu deck de todos os nomes. O melhor a ser feito é analisar friamente todas as suas cartas, quais os splashes necessários e que cartas são capazes de lidar com a bomba do oponente.

Uma dica é pensar em alguma forma de ganhar do oponente, mesmo se a bomba dele cair na mesa e você não tenha nenhuma remoção à altura na hora.

Existem várias estratégias para esse momento. Soul´s Fire mais alguma criatura devour, apostar em criaturas evasivas enquanto o resto de sua frota vai segurando a bomba do oponente, bouncers, Cancel, enfim, será preciso aprender a lidar com a bomba dele e estudar muito bem sua pool.

Talvez seja com uma pool de cartas assim, que o seu lado deckbuilder precise como nunca entrar em ação.

Depois de falar um pouco de como eu acredito que seja o formato, irei mostrar para vocês como eu ajo na hora da montagem do deck. Além de mostrar passo-a-passo como eu separo as cartas da minha pool, irei comentar a respeito de algumas decisões na hora de montar o deck. O ideal é que vocês utilizem tal pool como um exercício e montem ela da maneira que vocês acharem melhor. Esse feedback da galera é sempre importante para esse tipo de texto.

Segue a pool que o Stalker abriu recentemente e eu achei bem interessante para ilustrar o meu texto:

Azul
1 Courier´s Capsule
1 Dawnray Archer
1 Steelclad Serpent
1 Spell Snip
1 Tortoise Formation
1 Memory Erosion
1 Sphinx´s Herald
1 Jhessian Lookout

Branco
1 Resounding Silence
1 Oblivion Ring
1 Soul´s Grace
1 Akrasan Squire
1 Sighted-Caste Sorcerer
1 Dispeller´s Capsule
1 Excommunicate
1 Angelic Benediction

Preto
1 Onyx Goblet
1 Resounding Scream
1 Shore Snapper
1 Deathgreeter
1 Dreg Reaver
1 Undead Leotau
1 Dregscape Zombie
1 Executioner´s Capsule
1 Bone Splinters

Verde
2 Elvish Visionary
1 Cylian Elf
1 Spearbreaker Behemoth
1 Jungle Weaver
1 Druid of the Anima
1 Algae Gharial
1 Savage Hunger
1 Soul´s Might
1 Topan Ascetic

Vermelho
1 Skeletonize
1 Soul´s Fire
1 Magma Spray
1 Volcanic Submersion
1 Exuberant Firestoker
1 Hissing Iguanar
1 Rockslide Elemental
1 Jund Battlemage
1 Bloodpyre Elemental
1 Lightning Talons
1 Bloodthorn Taunter

Artefato
1 Obelisk of Naya
1 Obelisk of Jund
1 Obelisk of Esper
1 Quietus Spike

Dourado
2 Deft Duelist
1 Sangrite Surge
1 Blood Cultist
1 Blightning
1 Jund Charm
1 Broodmate Dragon
1 Rip-Clan Crasher
1 Goblin Deathraiders
1 Carrion Thrash
1 Grixis Charm
1 Fire-Field Ogre
1 Realm Razer
1 Rakeclaw Gargantuan
1 Naya Charm
1 Windwright Mage
1 Steward of Valeron
1 Sigil Blessing
1 Hindering Light

Terreno
2 Jund Panorama
1 Esper Panorama
1 Arcane Sanctum

Após receber a pool em mãos, a primeira coisa que precisa ser feita e que acredito que 99% dos jogadores façam é dar uma rápida olhada em quais bombas saíram e separar as cartas por cor.


Logo após ter separado todas as cartas, o ideal é você dar uma “limpada” nesta lista, retirando da mesa todas as cartas que você considerar que são fracas e que você certamente não irá utilizar.


Depois dessa limpada, de certo que ficará muito mais fácil enxergar quais as cores mais fortes na pool e qual o provável fragmento que você irá utilizar.

Nesta pool especificamente, está bem claro que as cores mais fortes são o verde e o vermelho, sendo o preto a cor mais provável para entrar como o primeiro splash, trabalhando com a idéia do fragmento de Jund.

Após decidir em qual fragmento você irá jogar, mais uma limpada será necessária. Desta vez excluindo as cartas douradas das outras cores, restando apenas as cartas de Jund e cartas que poderiam entrar em um possível splash.


Pronto! Agora após essa série de decisões, você pode se preocupar unicamente em quais cartas entrarão no seu Jund e se será necessário um splash para azul encaixando o Grixis Charm e o Fire-Field Ogre ou um splash para branco procurando slots para cartas como Oblivion Ring, Naya Charm, Realm Razer, Resounding Silence ou Rakeclaw Gargantuan.

Acho melhor listar primeiramente o deck que eu montei para depois fazer algumas observações a respeito de certas decisões.

Jund splash white by Ricardo “Thorgrim” Mattana

Creatures (14)
1 Dregscape Zombie
1 Druid of the Anima
1 Goblin Deathraiders
1 Rip-Clan Crasher
1 Hissing Iguanar
1 Jund Battlemage
1 Rockslide Elemental
1 Blood Cultist
1 Algae Gharial
1 Carrion Thrash
1 Bloodpyre Elemental
1 Broodmate Dragon
1 Jungle Weaver
1 Spearbreaker Behemoth

Spells (9)
1 Bone Splinters
1 Executioner´s Capsule
1 Magma Spray
1 Soul´s Fire
1 Blightning
1 Jund Charm
1 Oblivion Ring
1 Naya Charm
1 Skeletonize

Lands (17)
1 Jund Panorama
1 Esper Panorama
1 Arcane Sanctum
5 Mountain
5 Forest
3 Swamp
1 Plains

Por que não jogar com Quietus Spike?

A primeira pergunta que muitos devem estar se fazendo é por que não estou utilizando o eficiente artefato na minha lista final.

Sinceramente foram poucas as vezes em que eu o vi funcionar. Acho a habilidade da carta muito respeitável, mas perder um turno equipando uma criatura para depois tomar uma remoção nela não me agrada totalmente.

O combo com o Blood Cultist me atrai e MUITO, talvez se tivesse pelo menos mais um Vithian Stinger na minha pool, eu olharia com bem mais atenção para o Quietus.

Sinto falta também de criaturas evasivas para fazer com que o oponente perca realmente metade de sua vida ou de cartas como Dragon Fodder ou Goblin Assault para fazer com que eu ataque com um homem-bomba por turno.

Respeito bastante o Quietus, mas desta vez ele terá que ficar de fora.

Elvish Visionary vs "Bears (criaturas 2/x)"

Talvez esse seja o principal ponto em que eu possa ter pecado no deck. Quando eu montei o deck sozinho, me pareceu bem óbvio optar por Rip-Clan Crasher, Druid of the Anima, Dregscape Zombie e Goblin Deathraiders ou invés dos Visionarys.

Mas após conversar com outros jogadores, percebi que muitos preferem os Visionarys ao invés dos outros drop 2. Na realidade a explicação para minha escolha é simples:

O Druid entra por que como o deck precisou de um splash branco, ele é mais uma carta para adicionar esta quarta cor, além é claro pelo fato de ser um excelente fixer.

O Goblin, apesar de ser um alvo fácil para o Blister Beetle e para os pingers da edição, é uma ótima carta para rushar no ínicio da partida. Além de que eu sempre consigo trocar ele por criaturas teoricamente melhores como Wild Nacatl, Mosstodon ou alguma criatura que esteja sendo beneficiada pela habilidade exalted. Na pior das hipóteses ele, juntamente com a criatura que ele matar servirão de isca para o Rockslide e o Algae Gharial.

Já o Rip-Clan e o Zombie entram no deck por conseguirem trocar com os outros infinitos drop 2 bons da edição, coisa que os Elfos não fazem. Talvez esse pensamento esteja sendo influenciado pelos jogos que eu tenha jogado no draft e que no selado a boa mesmo é esse draw a mais.

Basicamente o Elvish Visionary é uma cycling card que pode bloquear. Por eu possuir Magma Spray e Jund Charm no deck, talvez a boa seja mesmo jogar com os Elfos e abrir mão das criaturas mais agressivas. Fica aí a dúvida.

Por que não Realm Razer?

Optar por não jogar com o Realm Razer pode ter sido bem mais pessoal do que qualquer outra coisa. Particularmente comigo está besta tem dias que trabalha como ninguém, mas tem dias que nada faz.

Tem horas que simplesmente caso entre na mesa e o oponente não tenha uma remoção na hora, o bicho praticamente sela o jogo, mas tem horas em que a situação da mesa não está nada favorável e ele torna-se uma carta morta na mão.

Talvez ele seja um bom side contra algum deck que possua um dos Ultimatos bons da série, que são cartas que esse deck não consegue lidar, ou talvez o lugar dele seja no main deck e eu esteja fazendo uma grande burrada. Tem gente que eu sei que ama essa criatura e vai me odiar por isso, mas quem sabe futuramente eu não crie um gosto maior por ele.

Por hora, bye bye Realm Razer.

Splash Branco

Muita gente com que eu conversei após ter fechado minha lista final do deck, disse que por se tratar de um deck forte o splash não era necessário e que o branco possivelmente atrapalharia mais do que ajudaria.

Sinceramente não vejo como deixar bombas como Oblivion Ring e Naya Charm de fora desse deck. Por ter o Druid, mais um Panorama, além da triland de Esper, não acredito que o branco me trará assim tantos problemas.

O Oblivion Ring talvez seja uma das poucas cartas do formato que consegue lidar com os dragões, Spearbreaker Behemoth, entre outras bombas. Já o Naya Charm pode combar com Bloodpyre Elemental, além de virar todos os bloqueadores do oponente, facilitando para um all in.

Não sei ao certo se foi a melhor decisão, mas ter a chance de adicionar ao deck duas removals do quilate de Oblivion Ring e Naya Charm me convenceram.

Acho que essas foram as principais dúvidas que eu tive na hora da montagem do deck. Uma possível versão sem branco, com os dois Elfos é muito bem vinda também. De resto acho que a maioria da galera deve chegar mais ou menos nas cartas que eu coloquei como a lista final.

Espero que vocês tenham gostado do texto dessa semana, por que desta vez deu muito trabalho para escrevê-lo e fazê-lo acontecer. Um feedback com o que vocês mudariam no deck, suas listas pessoais, além de opiniões sobre o texto seriam muito úteis.

Tenham uma boa semana e até a próxima!

7 comentários:

Anônimo disse...

Eu gosto do splash, mas não é algo que eu tenho certeza, talvez seja interessante como um trunfo pós-sb.
Nesse caso, eu com certeza colocaria o relm razor.
Os elfos são a melhor escolha e tá faltando uma land nesse deck, o 2º jund panorama (a7 eu acho pouco), ainda mais com 4 cores.

Anônimo disse...

Eu particularmente não gosto do Rockslide Elemental, Algae Gharial e das outras criaturas desse ciclo. Acho muito lerdo e leva tempo para fazerem algum "efeito".

Opinião minha mais na teoria do que na prática, pois usei essas criaturas poucas vezes em meus selados. Talvez eu precisa testar mais para ter certeza.

Elas realmente compensam para vc?

:: Diego Ghiggi disse...

Pessoalmente:

- Acho que os Visionários são indispensáveis, especialmente em selado.

- Falta o 2º Jund Panorama.

- Realm Razer funciona bem em decks com muita remoção (como esse), e traçando uma estratégia ele funciona perfeitamente.

- Sobre o Splash, eu concordo que Oblivion e Naya Charm precisam entrar, até porque não ferem a curva.

- Quietus Spike somente em decks evasivos ao extremo, ou com muitos pingers. Concordo.


Hm.. acho que é isso.

Parabéns pelo post!

Tiago Nhoque disse...

Joguei pouco selado dessa edição, mais pelo que eu percebi o formatao é muito lento, os drawns que vc dá a mais que o oponente influencia muito no jogo, eu sempre escolho começar comprando, e acho que isso me dá uma grande vantagem imagina duas criaturas que entaum daum um block e me daum um drawn a mais, certeza que esses elfos entrariam no deck, algumas mãos no play vc naum iria no drawn talvez, no dram com um um bixinho que compra uma vc iria com certeza..
eu tmbm colocaria o panorama a mais, assim vc minimiza a chance de zicar o branco. Aliáas concordo com o splash pra branco, oblivio ring e naya charm são bombas no selado, e principalmente o naya charme decide muito jogo sozinho..

xiko disse...

Tipo o problema desses bicho 2 cores de 2 manas é o quão consistentemente você vai faze-los no turno 2.

Agora os elfo visionario te dão mais draw para comprar suas bombas para ganhar e são comida pros seus bichos que inflam. Acho que melhoraria em muito se você utilizasse eles no lugar dos bichos que precisam de 2 cores para vencer.

E eu com certeza estaria usando o realm razer, o bicho é animal.

Ricardo Mattana disse...

Ae galera!! Gostei do comentário de todo mundo...

Artigos desse nype é sempre bom ter um feedback com o que vocês acharam das minhas decisões e o que vcs fariam de diferente.

Legal saber que muitos como eu aprovaram o splash branco e que não foi uma idéia errada.

Já percebi que o lance dos Visionarys foi uma pisada de bola da minha parte, mas vivendo e aprendendo. Na próxima vez eu não erro!

Continuem comentando, que os comentários são os maiores incentivos para quem escreve.

Abraço!

Anônimo disse...

2 elvish visionary
1 topan ascetic
1 druid of the anima
1 jungle weaver
1 behemoth
1 magma spray
1 souls fire
1 skeletonize
1 jund battlemage
1 hissing iguanar
1 rockslide elemental
1 capsule
1 bone splinters
1 carrion thrash
1 broodmate dragon
1 2/1 unearth
1 deathraiders
1 blood cultist
1 jund charm
1 exuberant firestoker
1 blightning
1 algae gharial
2 panorama jund
15 lands basicos


como disse pra vc ontem thorgrim.... eu iria de BGR puro, sem o naya charm e o ring... Acredito que o deck tem cartas boas o suficientes pra se virar sem elas.

caso eu sentisse que seria possivel jogar com white no decorrer dos rounds, eu splasharia o oblivion e o naya pos SB, ou caso o oponente tivesse alguma coisa a qual eu nao consiga me livrar de outra maneira.