quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

House e o Metagame

por Leandro "Stalker"

Finalmente este ano de 2008 está chegando ao fim, e para mim foi um ano bem especial, já que após 6 longos anos de faculdade, parece que finalmente vou conseguir sair de lá. Falta só saírem
mais algumas notas para que eu tenha certeza que passei. A sensação é daquele cara que está 6-1-1 no PTQ dando ID no último round, mas com algum risco de ficar de fora do top8 pelos tiebreakers. É a velha síndrome do “semestre que vem eu vou estudar, ai passa mais um semestre e você fala pra você mesmo.. não, agora é sério, semestre que vem eu vou estudar.. ai por ai vai”.

Com as férias e sem mais nenhum campeonato importante nos próximos meses, estou só na expectativa do lançamento desta série nova, “Conflux”. Muita gente reclama que a WotC é mercenária, que lança muita expansão por ano, mas se não fosse isso, os formatos constructed seriam muito chatos. Chega uma hora em que não tem mais o que inventar em quesito de deck e a chegada de uma nova série é algo extremamente necessário. Ninguém mais agüenta ver o deck de fadas dominando o ambiente. Inovar é preciso.

Neste tempo ocioso, meu passatempo tem sido assistir House, para quem não conhece este é um seriado cujo personagem central é um médico mal-humorado, que escrotiza seus funcionários, não sabe lidar com as pessoas, mas seu grande talento é diagnosticar muito bem as doenças mais bizarras do mundo, seja um carrapto que se alojou na vagina de uma menina, uma bactéria que estava num queijo velho ou um envenenamento acidental por Castanha-do-Pará, não importa o que seja, House é o cara e vai saber fazer o diagnóstico certo.

Qual é o ponto em que eu quero chegar? Nenhum, mas como eu gosto de fazer analogias eu fui pegar esse exemplo dos diagnósticos do House com uma coisa que todo mundo tem que fazer quando vai jogar um campeonato: Diagnosticar o Metagame.

Metagame: Numa definição bem simples, ele se define pelo conjunto decks e arquétipos que você você pode enfrentar num dado campeonato num dado local.

Para estudo de caso, vou pegar o Worlds que ocorreu semana passada:

Archetype # Percentage
Fadas 89 27.05%
BW Tokens 48 14.59%
Cruel Control 39 11.85%

Esses foram os 3 deck mais jogados no mundial deste ano, representando mais de 50% do metagame. Para um deck ir bem neste campeonato, além de talento e um pouco de sorte, uma boa leitura do ambiente é importante, e o ajuste fino dos decks pode transformar um match complicado num match um pouco melhor.

Todo deck tem uma espinha dorsal, não muda nunca, independente do que aconteça estas cartas sempre estarão no deck. O deck de fadas por exemplo, qualquer que seja a lista, vai ter sempre 4 Bitterblossom, 4 Cryptic Command, 4 Spellstuter Sprite, 4 Mistbind Clique, 4 Secluded Glen.
Com essa base sólida, a inclusão das outras cartas começa a ser pensada de acordo com o que você espera enfrentar.

Parodiando um pouco House, segue aqui alguns exemplos, de causas e sintomas. Nosso paciente é a Dona Oona.
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Caso: Deck de BW Tokens se popularizou
Causa: Deck vem obtendo bons resultados no premiere events(P.E) do Mol e foi tema de artigo na SCG.
Sintomas: Aumento da freqüência de Spectral Processions, Bitterblossom e Cloudgoat Ranger
Tratamento: 4 Doses de Broken Ambitons para impedir o Procession no 3° turno e alguns Infest no sideboard caso a doença fuja de controle.
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Caso: Cruel Control foi aprimorado
Causa: Bons resultados nos States, e é a menina dos olhos do Chapin e dos franceses.
Sintomas: Febre alta, possível alucinação, já que este deck diz que ganha de quase tudo e que
tem a tech secreta para ganhar do fadas.
Tratamento: Nada muito preocupante, mas alguns counters e disrupts a mais no sideboard vão vem, como Thoughtseize, Flashfreeze e Glen Elendra
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Caso: Enxame de fadas
Causa: Com o boato de que haverá muitos Cruel Control, a preferência de muitas pessoas acabou migrando para o fadas
Sintomas: A ressonância magnética revelou que haverá muitos mirror matches, com o jogo se decidindo muitas vezes na vantagem da blossom.
Tratamento: Tranfusão de cartas, algumas bolsas de Thoughtseize no main deck para estancar a hemorragia e impedir que a Bitterblossom caia do outro lado.
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Muito bem, temos 3 casos diferentes, mas os tratamentos não conseguem curar todos os sintomas. É aqui que entra você na história. Com estes dados em mãos você tem que estimar a melhor alocação de recursos de forma a otimizar os seus matchs, lembrando que o ótimo local, não necessariamente é o ótimo global. Em outras palavras, não adianta você ter um match impossível de perder contra Cruel Control se você não conseguir ganhar de BW. As vezes você tem que piorar um match para melhorar suas chances no campeonato.

Por tanto, da próxima vez que você for jogar um campeonato, pense no porque que cada carta esta no seu deck, e porque que aquelas são as suas 15 cartas no sideboard. Antes de conhecer seu oponente, você precisa conhecer você mesmo, neste caso o seu deck. (Só frases de efeito neste post!)

Até a próxima!

8 comentários:

Anônimo disse...

Definitivamente o Meta precisa de um pouco de Vicodin!

Hail House!!

André Dembitzky disse...

Bem, o house não é deus. Ele conta com uma tropa de anjos da guarda para levanta-lo quando a coisa aperta.
Hail House, mas heil tb o povo que está ali para meter o dedo no diagnostico...

viva os comentarios!!!

Fox

Ps: gostei muito do uso de um tema externo ao magic para analisa-lo, parece até coisa da sideboard on-line uhauhauha

Clare disse...

Thorgrim aqui :P

Só esqueceu de dizer que fui que fiz você ficar viciado em House, depois de falar tão bem do seriado e de que tava assistindo infinitos episódios por dia.

House + Magic é uma boa combinação, não sei se consegue se igualar a Naruto, mas tem lá suas vantagens. =P

Unknown disse...

MUITO BOA a idéia de "diagnosticar" o ambiente... Excelente post =D

Precisamos de mais "sangue frio" à lá médico manco e amargo no Magic, pra dar na cara dos arrogantes petulantes com fatos quase científicos contra especulações egotrípticas.

Ainda acho que o BW é altamente overrated, um deck que teoricamente deveria "quebrar o formato" não fez nem 6-0 e pelo que vi perdeu pra fadas algumas vezes...
É. Tentei negar, mas fadas ainda é o melhor deck do ambiente. Fui contaminado pela doença azul e preta, e não preciso de nenhum raio-x ou hemograma pra isso. É só analisar o extrato bancário... o.O

Unknown disse...

o hábito da escrita traz um benefício do kct. seus textos tao ficando cada vez melhores pqp.



bom, eu ja comparo o DOTA ao friends,mas sem rachel q eh gostosa.heauheuahaeh

Anônimo disse...

baita texto, belo post, esse eu confesso, virei fã (mais ainda huehaue)
nenhum deck q digam ser invencivel será, pelo simples fato d ter caido na boca do povo ja sofre hate.
mas eu sempre votarei em fadas, SEMPRE!

Unknown disse...

cara meus parabéns realmente se superou no texto, continue assim!

Anônimo disse...

excelente texto e analise do metagame!! simplesmente excelente.